From dd58ed71a367a65761d407e990444746ba4975a1 Mon Sep 17 00:00:00 2001 From: Pedro Cavalcante Oliveira Date: Mon, 26 Sep 2022 19:40:37 -0300 Subject: [PATCH 01/13] rascunho do post --- .Rproj.user/shared/notebooks/paths | 27 ++------ .../bibliography.bib | 10 +++ .../post.Rmd | 67 +++++++++++++++++++ .../post.html | 29 ++++++++ .../twitter-widget-0.0.1/widgets.js | 8 +++ renv.lock | 2 +- 6 files changed, 120 insertions(+), 23 deletions(-) create mode 100644 public/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/bibliography.bib create mode 100644 public/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post.Rmd create mode 100644 public/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post.html create mode 100644 public/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post_files/twitter-widget-0.0.1/widgets.js diff --git a/.Rproj.user/shared/notebooks/paths b/.Rproj.user/shared/notebooks/paths index 340deb30..d51ec137 100644 --- a/.Rproj.user/shared/notebooks/paths +++ b/.Rproj.user/shared/notebooks/paths @@ -1,22 +1,5 @@ -/home/danielc/Documentos/GitHub/danmrc/azul/.Rprofile="DA3AB5A7" -/home/danielc/Documentos/GitHub/danmrc/azul/Códigos/james_stein.R="763496D1" -/home/danielc/Documentos/GitHub/danmrc/azul/config.toml="CF6EC9E7" -/home/danielc/Documentos/GitHub/danmrc/azul/content/post/2020-04-22-viés-de-atenuação.Rmd="5E689DC0" -/home/danielc/Documentos/GitHub/danmrc/azul/content/post/2020-04-28-double-selection.Rmd="0ED33787" -/home/danielc/Documentos/GitHub/danmrc/azul/content/post/2020-11-30-remastered-interpolacao/index.Rmd="55154410" -/home/danielc/Documentos/GitHub/danmrc/azul/content/post/2021-04-25-graus-de-liberdade-do-ridge-como-e-como-não-computar/index.pt-br.Rmd="6F363916" -/home/danielc/Documentos/GitHub/danmrc/azul/content/post/2021-06-17-mais-raízes-unitárias/index.pt-br.Rmd="C3FFA45B" -/home/danielc/Documentos/GitHub/danmrc/azul/content/post/2021-10-10-estimador-james-stein-e-admissibilidade/index.pt-br.Rmd="2CF56E1A" -/home/danielc/Documentos/GitHub/danmrc/azul/content/post/2021-10-17-bayesianismo-e-regularização/index.pt-br.Rmd="296EEED1" -/home/danielc/Documentos/GitHub/danmrc/azul/content/post/2021-11-18-componentes-principais-e-variáveis-instrumentais/index.pt-br.Rmd="6E9DE738" -/home/danielc/Documentos/GitHub/danmrc/azul/content/post/2022-01-06-tratamento-sequencial/codigo.R="956A0AC7" -/home/danielc/Documentos/GitHub/danmrc/azul/content/post/2022-01-06-tratamento-sequencial/index.Rmd="839AFE58" -/home/danielc/Documentos/GitHub/danmrc/azul/content/post/2022-01-09-mqo-mqo-mqo/index.pt-br.Rmd="ADDF06F7" -/home/danielc/Documentos/GitHub/danmrc/azul/content/post/2022-01-14-concentra-o-do-m-ximo/index.pt-br.Rmd="7E50C9DC" -/home/danielc/Documentos/GitHub/danmrc/azul/content/post/2022-06-19-note-taking/index.pt-br.Rmd="D5F0217A" -/home/danielc/Documentos/GitHub/danmrc/azul/content/post/Prog_dinamica/2018-08-10-Prog-dinamica-IIB.Rmd="70CC5712" -/home/danielc/Documentos/GitHub/danmrc/azul/content/post/Prog_dinamica/2018-10-10-prog-dinâmica-IIa.Rmd="4033D362" -/home/danielc/Documentos/GitHub/danmrc/azul/renv.lock="974DD5AE" -/home/danielc/Documentos/GitHub/danmrc/azul/renv/activate.R="90310AC3" -/home/danielc/Documentos/GitHub/danmrc/azul/renv/settings.dcf="8088DADA" -/home/danielc/Documentos/GitHub/danmrc/azul/themes/hugo-theme-chunky-poster/theme.toml="A7097739" +C:/Users/pedro/azul/public/post/2021-06-23-Categorias-espaco-institucional/post.Rmd="1B4A054A" +C:/Users/pedro/azul/public/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post.Rmd="16395101" +C:/Users/pedro/azul/public/post/DualidadeEmMicroeconomia/micro1.Rmd="8D149A9D" +C:/Users/pedro/azul/public/post/VerificacaoComputacionalPerronFrobenius/bib.bib="839A6BB7" +C:/Users/pedro/azul/public/post/VerificacaoComputacionalPerronFrobenius/parte1.Rmd="DE371BCD" diff --git a/public/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/bibliography.bib b/public/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/bibliography.bib new file mode 100644 index 00000000..d047bd77 --- /dev/null +++ b/public/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/bibliography.bib @@ -0,0 +1,10 @@ +@article{marr1979computational, + title={A computational theory of human stereo vision}, + author={Marr, David and Poggio, Tomaso}, + journal={Proceedings of the {R}oyal {S}ociety of {L}ondon. Series B. Biological Sciences}, + volume={204}, + number={1156}, + pages={301--328}, + year={1979}, + publisher={The Royal Society London} +} \ No newline at end of file diff --git a/public/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post.Rmd b/public/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post.Rmd new file mode 100644 index 00000000..b60a97b9 --- /dev/null +++ b/public/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post.Rmd @@ -0,0 +1,67 @@ +--- +title: O cérebro, os millenials e a disfunção executiva +author: Pedro Cavalcante +date: '2021-09-30' +slug: millenial-brained +categories: + - Handwavy +images: [] +authors: +bibliography: bibliography.bib +output: + blogdown::html_page: + pandoc_args: + [ + "--lua-filter=../script_number_and_braces.lua" + ] +--- + +Como um bom cidadão terminalmente online tudo que se passa na minha mente é uma reação ao que um estranho disse no twitter: + +```{r, echo = FALSE} +tweetrmd::tweet_embed("https://twitter.com/angelussoares/status/1574371906094043137") + +tweetrmd::tweet_embed("https://twitter.com/angelussoares/status/1574376662363676674") +``` + +Existem algumas ideias que acho particularmente fracas porque dependem de [recortes teóricos pouco informativos]() e uma certa delegação de responsabilidade. Países pobres serem pobres porque não produzem uma certa classe de eletrônicos, por exemplo. Outra é qualquer ideia que comece com "meu cérebro faz isso" e termina com "como ele tem menos dopamina que um cérebro neurotípico então [_inserir justificativa para comportamento em questão_]". + +Esse tipo de raciocínio, a mim parece, funciona como uma espécie de racionalização do status quo. A consequência prática do que foi dito é que enquanto não invertarmos uma classe de remédios mirabolantes que consigam alterar de maneira persistente a sopa neuroquímica das nossas cabeças, a disfunção executiva é apenas um fato, dado como a cor do céu. Não estou convencido. + +Claro, me convencer não era a ideia do post original. Esse é um esforço genuíno de gente sofrendo com disfunção executiva para racionalizar o que se passa em termos de algo que é plausivelmente compreendido e eventualmente engenheirado, a neuroquímica. Bem, eu empatizo com isso, porque... se prepare para a surpresa... eu _também_ sofro de disfunção executiva. Então gostaria de apresentar uma ontologia que me parece um tanto mais explicativa. + +# Níveis de Marr + +Instanciar uma fantasma de carne autoconsciente, dotado de linguagem natural, gostos e poder causal é uma tarefa complicada e qualquer história sobre o que quer que permita o mistério de Ser e Estar Aqui precisa ter uma explicação _fullstack_. É preciso, simultaneamente, explicar quais são as funções que um sistema nervoso realiza, como elas viabilizam as capacidades de alto-nível que usamos a todo momento e também como isso é representado, computado e implementado no substrato biológico. + +@marr1979computational oferece uma maneira de quebrar nossas perguntas (e respostas) em caixinhas com isolamento de responsabilidades. Nesse framework, qualquer sistema de processamento de informação pode ser, a princípio, entendido em 3 níveis: + +* Funcional/Computacional: Quais são as tarefas que esse sistema realiza? Que tipo de comportamento é implementado, quais são seus modos de falha, quais são as origens evolutivas? + +* Algoritmico/Representacional: De que maneira essas funções são representadas, quais são os algoritmos usamos para que elas sejam computadas? + +* Implementação: Quais mecanismos físicos são recrutados para persistir a representação e executar os algoritmos em questão? + +Para tangibilizar isso um pouco, vamos imaginar um Large Language Model (LLM) treinado em um grande corpus de texto. Ela tem habilidades verbais de um jovem razoavelmente lido, um humor seco, referências literárias e passa em alguma versão fraca do teste de Turing (não que isso seja grandes coisas). Em um nível _funcional_, não existe uma maneira simples de distinguir o que essa rede neural faz do que um humano faz. Descendo um andar, aparecem as distinções. + +As representações e algoritmos de uma rede neural são radicalmenete diferentes das representações e algoritmos que sistemas nervosos usam para funcionar. Isso não demanda mais explicações a menos é claro que você, leitor, tenha uma certa fé na analogia neurônio - Rede Neural. Se tiver, tudo bem, a ciência pop fez inúmeras vítimas. + +# Anilhamento + +# Disfunção, Autoreconhecimento, Modulação de Comportamento + + + + +# Referências + + + + + + + + + + + diff --git a/public/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post.html b/public/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post.html new file mode 100644 index 00000000..3e9a1ca9 --- /dev/null +++ b/public/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post.html @@ -0,0 +1,29 @@ + + + +

Como um bom cidadão terminalmente online tudo que se passa na minha mente é uma reação ao que um estranho disse no twitter:

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ISSO SIM é um comportamento TDAH, e inclusive é uma das melhores explicações de disfunção executiva que eu já vi pic.twitter.com/J5Ze2VvqXK

— Angelus (@angelussoares) September 26, 2022
+ +

O pulo do gato é que num cérebro neurotípico, a dopamina é liberada até mesmo antes de você iniciar a tarefa ou ação recompensadora, do mesmo jeito que você vê uma comida gostosa e já começa a salivar. E é essa liberação de dopamina que faz você entrar em movimento e executar.+

— Angelus (@angelussoares) September 26, 2022
+ +

Existem algumas ideias que acho particularmente fracas porque dependem de recortes teóricos pouco informativos e uma certa delegação de responsabilidade. Países pobres serem pobres porque não produzem uma certa classe de eletrônicos, por exemplo. Outra é qualquer ideia que comece com “meu cérebro faz isso” e termina com “como ele tem menos dopamina que um cérebro neurotípico então [inserir justificativa para comportamento em questão]”.

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Esse tipo de raciocínio, a mim parece, funciona como uma espécie de racionalização do status quo. A consequência prática do que foi dito é que enquanto não invertarmos uma classe de remédios mirabolantes que consigam alterar de maneira persistente a sopa neuroquímica das nossas cabeças, a disfunção executiva é apenas um fato, dado como a cor do céu. Não estou convencido.

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Claro, me convencer não era a ideia do post original. Esse é um esforço genuíno de gente sofrendo com disfunção executiva para racionalizar o que se passa em termos de algo que é plausivelmente compreendido e eventualmente engenheirado, a neuroquímica. Bem, eu empatizo com isso, porque… se prepare para a surpresa… eu também sofro de disfunção executiva. Então gostaria de apresentar uma ontologia que me parece um tanto mais explicativa.

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Pulando entre níveis de Marr

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Instanciar uma fantasma de carne autoconsciente, dotado de linguagem natural, gostos e poder causal é uma tarefa complicada e qualquer história sobre o que quer que permita o mistério de Ser e Estar Aqui precisa ter uma explicação fullstack. É preciso, simultaneamente, explicar quais são as funções que um sistema nervoso realiza, como elas viabilizam as capacidades de alto-nível que usamos a todo momento e também como isso é representado, computado e implementado no substrato biológico.

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Marr and Poggio (1979) oferece uma maneira de quebrar nossas perguntas (e respostas) em caixinhas com isolamento de responsabilidades. Nesse framework, qualquer sistema de processamento de informação pode ser, a princípio, entendido em 3 níveis:

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Referências

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+Marr, David, and Tomaso Poggio. 1979. “A Computational Theory of Human Stereo Vision.” Proceedings of the Royal Society of London. Series B. Biological Sciences 204 (1156): 301–28. +
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Países pobres serem pobres porque não produzem uma certa classe de eletrônicos, por exemplo. Outra é qualquer ideia que comece com "meu cérebro faz isso" e termina com "como ele tem menos dopamina que um cérebro neurotípico então [_inserir justificativa para comportamento em questão_]". +Existe um canto do consciente coletivo das ciências (sociais) que não me parece muito além de engenharia precoce. Memeplexos de [recortes teóricos obtusos](), que foram concebidos e são desenvolvidos para fundamentar um conjunto de recomendações que em algum nível são delegação de responsabilidade. Países pobres serem pobres porque não produzem uma certa classe de eletrônicos, por exemplo. Outra é qualquer ideia que comece com "meu cérebro faz isso" e termina com "como ele tem menos dopamina que um cérebro neurotípico então [_inserir justificativa para comportamento em questão_]". Esse tipo de raciocínio, a mim parece, funciona como uma espécie de racionalização do status quo. A consequência prática do que foi dito é que enquanto não invertarmos uma classe de remédios mirabolantes que consigam alterar de maneira persistente a sopa neuroquímica das nossas cabeças, a disfunção executiva é apenas um fato, dado como a cor do céu. Não estou convencido. From edbe22fb11a9fa9e7e5367c4f3b37769c3bf9a9d Mon Sep 17 00:00:00 2001 From: Pedro Cavalcante Oliveira Date: Sun, 14 May 2023 21:18:26 -0300 Subject: [PATCH 03/13] escrevi mais --- .Rproj.user/shared/notebooks/paths | 10 +- content/authors/pedrocava/_index.md | 2 +- public/about.Rmd | 2 +- .../post.Rmd | 95 ++++++++++++++++++- .../post.html | 78 +++++++++++++-- 5 files changed, 172 insertions(+), 15 deletions(-) diff --git a/.Rproj.user/shared/notebooks/paths b/.Rproj.user/shared/notebooks/paths index 8ae143af..79dd8520 100644 --- a/.Rproj.user/shared/notebooks/paths +++ b/.Rproj.user/shared/notebooks/paths @@ -1,4 +1,8 @@ -C:/Users/pedro/azul/content/post/2022-06-19-note-taking/index.pt-br.Rmd="BAED8761" +C:/Users/pedro/azul/content/post/2022-06-19-note-taking/index.pt-br.Rmd="2E3C5664" C:/Users/pedro/azul/content/post/first-class-deliverables/post.Rmd="52A11494" -C:/Users/pedro/azul/public/post/2021-06-23-Categorias-espaco-institucional/post.Rmd="C42B8134" - +C:/Users/pedro/azul/public/about.Rmd="8941B237" +C:/Users/pedro/azul/public/post/2021-06-23-Categorias-espaco-institucional/post.Rmd="1B4A054A" +C:/Users/pedro/azul/public/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post.Rmd="16395101" +C:/Users/pedro/azul/public/post/DualidadeEmMicroeconomia/micro1.Rmd="8D149A9D" +C:/Users/pedro/azul/public/post/VerificacaoComputacionalPerronFrobenius/bib.bib="839A6BB7" +C:/Users/pedro/azul/public/post/VerificacaoComputacionalPerronFrobenius/parte1.Rmd="DE371BCD" diff --git a/content/authors/pedrocava/_index.md b/content/authors/pedrocava/_index.md index ff4461b0..18fa7435 100644 --- a/content/authors/pedrocava/_index.md +++ b/content/authors/pedrocava/_index.md @@ -4,5 +4,5 @@ images: twitter: PedrooCava --- -Formado em Economia pela Universidade Federal Fluminense (2020) e trabalha Cientista/Engenheiro de Dados em uma fintech. Gosta especialmente de estratégias de identificação espertas, filosofia da mente, teoria musical e tem uma quedinha ~~não-correspondida~~ por matemática. +Formado em Economia pela Universidade Federal Fluminense (2020) e é Head de Dados na [Cumbuca](www.appcumbuca.com). Gosta especialmente de estratégias de identificação espertas, filosofia da mente, teoria musical e tem uma quedinha ~~não-correspondida~~ por matemática. diff --git a/public/about.Rmd b/public/about.Rmd index d5c23013..25640c8f 100644 --- a/public/about.Rmd +++ b/public/about.Rmd @@ -9,7 +9,7 @@ Este blog é mantido por Daniel Coutinho e Pedro "Cava" Cavalcante. Escrevemos s **Daniel Coutinho** é formado em economia pela PUC-Rio (2018) e faz mestrado em economia na mesma instituição. É louco o suficiente para ter feito a monografia de fim de curso em econometria, e gosta de escrever sobre si próprio na terceira pessoa. Ele também é autor de um manual introduzindo o R, que você encontra [aqui](https://danmrc.github.io/R-para-Economistas/). -**Pedro "Cava" Cavalcante** é formado em Economia pela Universidade Federal Fluminense (2020) e trabalha Cientista/Engenheiro de Dados em uma fintech. Gosta especialmente de estratégias de identificação espertas, filosofia da mente, teoria musical e tem uma quedinha ~~não-correspondida~~ por matemática. +**Pedro "Cava" Cavalcante** é formado em Economia pela Universidade Federal Fluminense (2020) e é Head de Dados na [Cumbuca](www.appcumbuca.com). Gosta especialmente de estratégias de identificação espertas, filosofia da mente, teoria musical e tem uma quedinha ~~não-correspondida~~ por matemática. ## Sobre o nome do blog diff --git a/public/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post.Rmd b/public/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post.Rmd index d26f3d89..88d47038 100644 --- a/public/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post.Rmd +++ b/public/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post.Rmd @@ -24,15 +24,100 @@ tweetrmd::tweet_embed("https://twitter.com/angelussoares/status/1574371906094043 tweetrmd::tweet_embed("https://twitter.com/angelussoares/status/1574376662363676674") ``` -Existe um canto do consciente coletivo das ciências (sociais) que não me parece muito além de engenharia precoce. Memeplexos de [recortes teóricos obtusos](), que foram concebidos e são desenvolvidos para fundamentar um conjunto de recomendações que em algum nível são delegação de responsabilidade. Países pobres serem pobres porque não produzem uma certa classe de eletrônicos, por exemplo. Outra é qualquer ideia que comece com "meu cérebro faz isso" e termina com "como ele tem menos dopamina que um cérebro neurotípico então [_inserir justificativa para comportamento em questão_]". +Esse tipo de raciocínio, a mim parece, funciona como uma espécie de racionalização do status quo. A implicação prática é que enquanto não invertarmos uma classe de remédios mirabolantes que consigam alterar de maneira persistente a sopa neuroquímica das nossas cabeças, a disfunção executiva é apenas um fato, dado como a cor do céu. Não estou convencido. -Esse tipo de raciocínio, a mim parece, funciona como uma espécie de racionalização do status quo. A consequência prática do que foi dito é que enquanto não invertarmos uma classe de remédios mirabolantes que consigam alterar de maneira persistente a sopa neuroquímica das nossas cabeças, a disfunção executiva é apenas um fato, dado como a cor do céu. Não estou convencido. +Claro, me convencer não era a ideia do tweet. Esse é um esforço genuíno de gente sofrendo com disfunção executiva em racionalizar o que se passa em termos de algo que é plausivelmente compreendido e eventualmente engenheirado, a neuroquímica. Bem, eu empatizo com isso, porque... se prepare para a surpresa... eu _também_ sofro de disfunção executiva. -Claro, me convencer não era a ideia do post original. Esse é um esforço genuíno de gente sofrendo com disfunção executiva para racionalizar o que se passa em termos de algo que é plausivelmente compreendido e eventualmente engenheirado, a neuroquímica. Bem, eu empatizo com isso, porque... se prepare para a surpresa... eu _também_ sofro de disfunção executiva. Então gostaria de apresentar uma ontologia que me parece um tanto mais explicativa. +Dito isso, é um esforço que se tranca num canto sem saída porque parte de uma ontologia ciência pop de o que o cérebro faz, do que se trata a Mente e como se dá nosso comportamento. Em particular, há uma confusão sobre o que são e o que fazem neurotransmissores. + +```{r echo = FALSE, results = 'asis', fig.cap = "Chemicals in the Brain? Será?"} +image <- "https://external-preview.redd.it/0dXn4WFGCETN2JyqUQIuJIvVBKmrzT80nfqsRQN5TeY.jpg?auto=webp&s=f4b1f69edf929b09d2281c945119d0798d50d27a" +glue::glue( + '
+
"Chemicals"? É mais complicado que isso...
+
') +``` + +Então gostaria de apresentar uma ontologia que me parece um tanto mais explicativa. Isso é uma conversa de muitas horas, então vou necessariamente precisar deixar pontos de fora e passar rápido por assuntos importantes. Pretendo apresentar um esqueleto mínimo de como fazer sentido desses problemas. A fonte intelectual de onde bebo inclui [Marvin Minsky](https://en.wikipedia.org/wiki/Marvin_Minsky), [Douglas Hofstadter](https://en.wikipedia.org/wiki/Douglas_Hofstadter) e as mentes interessantes do [Qualia Research Institute](https://qri.org/) - em particular, o [Principia Qualia](https://opentheory.net/PrincipiaQualia.pdf). + +# Tirando a Alma da Sala + +Ser é um Mistério. Onde quer que se olhe, existem tradições intelectuais e religiosas oferecendo explicações para Isso Tudo Aí. Afinal, do que se trata estar no mundo, ser consciente de que está no mundo? As facetas mais ordinárias da experiência são são surreais, se você olhar com cuidado. De vez em quando me pego pensando no quão absurdo é que eu *penso* em fazer um movimento e meus músculos... se mexem. + +Uma resposta bem comum no Ocidente para isso é que temos uma Alma. Uma espécie de jóia imaterial, que independe do corpo em algum nível e persiste após nossa morte biológica. Essa alma é imensurável, "etérea" e não está sujeita à Física como a experenciamos. Dá para chamar essa ideia, vagamente, de [Dualismo](https://plato.stanford.edu/entries/dualism/). Eu não pretendo derruba-lo aqui, mas é de bom tom tangibilizar minha ignorância, meus pontos de partida. A seguir estão alguns pontos de partida: + +- Fisicalismo. Não faz sentido se referir a algo "não-físico", como uma alma. Tudo que existe são fenômenos físicos, como energia, matéria e [informação](https://en.wikipedia.org/wiki/Information_theory). As Leis da Física - seja lá quais forem - são causalmente completas. O universo é uma sopa de fisicalidade e nele estamos. + +- Formalismo de Qualia. Nossa experiência é real e tem uma _estrutura_, [encodada](https://en.wikipedia.org/wiki/Information_theory#Coding_theory) nos vários mecanismos de armazenamento e transmissão de informação que nossos corpos usam - como correntes elétricas, neurotransmissores, hormônios, etc. Mais ainda, essa estrutura necessariamente tem uma _representação matemática_. Suponha por absurdo que não, que existe alguma faceta da nossa experiência que não pode ser representada em uma estrutura matemática. Supondo Fisicalismo, isso implica dizer que existe algum estado _físico_ dos nossos corpos que não pode ser representado, que existe alguma configuração, de algum tecido, que não pode ser descrita - isso é... um absurdo. Não supor fisicalismo é um um apelo ao mistério. + +Nossas mentes são fenômenos absolutamente físicos (como Tudo), concretos e ligados ao funcionamento dos nossos corpos. Ao crescer acumulamos memórias, aprendizados, expandimos nosso repertório emocional - nossas almas são a colcha de retalhos do que vivemos. Isso tudo é absolutamente físico. Um filme triste te faz chorar, uma memória traumática te faz tensionar seus músculos, estresse faz suas pálpebras tremerem. + +# Jogando o Epifenomenalismo pela Janela + +Existe uma linha de argumentação que tenta trivializar o mistério. E se nossa _impressão_ de experiência, agência, for apenas uma racionalização ad hoc dos eventos que observamos? A navalha de Occam nos leva a crer que na verdade nossa percepção do mundo é um _epifenômeno_, não? Essa é a explicação mais simples: não existem grandes perguntas não-respondidas sobre ser consciente, fato é que nada e ninguém é consciente, temos apenas a impressão de ser. Isso _parece_ ceticismo bem fundamentado, mas é inconsistente. + +Uma vez, pedalando na praia, roubaram minha bicicleta com uma faca - _Rio de Janeiro, not even once_ - e não precisei de [condicionamento pavloviano](https://en.wikipedia.org/wiki/Classical_conditioning) para que o medo me tomasse por inteiro quando vi a lâmina sendo apontada para mim. Pare por um momento para considerar a sequência de estímulos, vamos pensar no caminho que o estímulo visual de ver uma faca faz. + +Luz refletida pelo ambiente chega nas minhas retinas, são emitidos sinais que viajam pelo nervo ótico até o cortex visual, onde é construída uma imagem da cena e segmentados alguns objetos. Pessoa, bicicleta, asfalto, árvores, _uma faca_. Minha cabeça faz uma artimética não muito complicada: essa pessoa com a faca quer minha bicicleta, a faca pode me machucar seriamente, essa pessoa pode me atacar com a faca para pegar a bicicleta... estou correndo risco de vida. + +Até esse momento o estímulo visual foi engatilhando estímulos cada vez mais de [alto nível](https://en.wikipedia.org/wiki/High-_and_low-level), até um ponto crítico, a percepção do perigo. A partir daí o caminho inverte e é desencadeado uma cascata de efeitos de baixo nível. É o famoso [fight or flight](https://en.wikipedia.org/wiki/Fight-or-flight_response): libere adrenalina, aumente a circulação de sangue em algumas partes do corpo, diminua em outros, etc. + +Nenhuma dessas mudanças físicas no meu corpo teria ocorrido sem antes o raciocínio de alto nível envolvido em _compreender_ a situação. Minha compreensão do perigo não é um evento irrelevante que surgiu para justificar após o fato a minha reação e sim o _gatilho_ da reação. Não entrei em fight or flight porque me condicionaram a entrar em pânico me mostrando facas e aplicando alguma forma de reforço negativo até que isso fosse _condicionado_ em mim e muito menos porque humanos vêm de fábrica com a tendência a entrar em pânico ao ver facas. Se o conteúdo da nossa experiência *não* tivesse poder causal, nós sequer poderíamos falar dela em primeiro lugar. É precisamente porque essa "causalidade reversa" - em que um estímulo precisa antes ser processado em alto-nível para ser cascateado em reações mecânicas do corpo - existe que a Evolução pôde recrutar esses processos em primeiro lugar. + +Se você fosse um completo maluco e apontasse uma arma para um gato, ameaçando atirar caso não receba carinho, o gato apenas diria _miau_. Não porque gatos são incapazes de sentir perigo, mas sim incapazes de fazer o raciocínio de alto-nível necessário para compreender o que se passa. + +# Computação, Visão & Outras Drogas + +Queria por agora um pouco mais de atenção em um pedaço da história do assalto que é um tanto quanto mágico. Eu _vi_ a arma. A luz refletida pelo ambiente que chegou nos meus olhos gerou atividade em alguns tecidos - como a retina - que engatilham sinais enviados através do nervo ótico até o cortex visual e aí...? A magia acontece, [como diria Daniel Dennett](https://www.youtube.com/watch?v=ITT1nYe3mZs). + +O processo de recompor uma _imagem_ é eminentemente computacional! Existe, presume-se, alguma forma de representação da informação que chega no córtex visual, e um ou mais algoritmos responsáveis por mapear essa massa de sinais em _uma_ imagem coerente que pode ser usada por outros sistemas do cérebro - por exemplo, as partes responsáveis por falar "ARMA, PERIGO!". Somos computadores molhados, _wetware_. + +```{r echo = FALSE, results = 'asis'} +image <- "https://www.princeton.edu/~his291/Jpegs/Cartesian_Vision.JPG" +glue::glue( + '
+
Descartes também achava Visão uma doidera
+
') +``` + +### Computação + +Veja, a imagem final composta a partir dos sinais elétricos que chegam no cortex visual é utilizada por outros subsistemas dentro do cérebro, então necessariamente existe alguma convenção de como representar esse tipo de informação. Mais ainda, para que o caminho compor imagem -> reconhecer arma -> sentir pânico funcionar, necessariamente os outros elos também passam pela mesma interface comum de transmissão de informação. O que permite o sinal enviado pelos olhos ser usado para gerar uma imagem também permite que a informação contida na imagem seja usada para identificar objetos, compreender o perigo (ou a beleza e a semiótica) de uma situação. É computação _all the way down_. + +Considere o processo de ir até a esquina. É preciso conciliar informação multimodal para produzir um plano de ação e persegui-lo até a sua conclusão. A informação visual informa a posição no espaço, o caminhar depende de propriocepção e planejamento motor, e presumivelmente não se vai até a esquina por nada - existe o planejamento de alto-nível que decorre do desejo de comer o pãozinho francês da padaria na esquina. + +```{r echo = FALSE, results = 'asis'} +image <- "https://i0.wp.com/qualiacomputing.com/wp-content/uploads/2022/12/image-100.png?w=751&ssl=1" +glue::glue( + '
+
') +``` + +```{r echo = FALSE, results = 'asis'} +image <- "https://i0.wp.com/qualiacomputing.com/wp-content/uploads/2022/12/image-101.png?w=431&ssl=1" +glue::glue( + '
+
Fonte: Steven Lehar, Cartoon Epistemology (2003)
+
') +``` + +Nossos cérebros, e sistemas nervosos, são uma coletânea de sistemas semi-especialistas - neuroplasticidade complica esse processo de especialização, mas podemos entrar nisso depois. O conjunto da obra só pode ter alguma ordem se existe (i) uma representação ou estrutura de dados que permita a transmissão de informação entre sistemas especialistas e (ii) um mecanismo de _leitura_ e _escrita_ que permita sistemas diferentes enviarem e receberem informação sob demanda. As analogias com software gritantes. + +### Outras Drogas + +Quase toda criança já se perguntou se o que todos chamamos de vermelho, ou azul, são vistas como cores diferentes por pessoas diferentes. Esse é o [problema de inversão de Qualia](https://plato.stanford.edu/entries/qualia-inverted/). Bem, ignorando os daltônicos por um momento, é muito fácil induzir algumas formas de inversão de qualia. Uma dose relativamente pequena de LSD pode fazer qualquer pessoa ver cores diferentes ~uma vez achei que o spotify tinha mudado toda a palheta de cores para tons de azul~, ou ver uma certa cor ao ouvir um som, e outras modalidades de sinestesia. + +"Mas Pedro, essas pessoas estão claramente alucinando!". Sim, mas no que consiste essa alucinação? É uma alteração no processo (no algoritmo, eu ouso dizer) de composição de imagem a partir dos _mesmíssimos_ estímulos visuais que qualquer pessoa sóbria receberia e processaria em uma imagem aproximadamente correta. Estamos _todos_ alucinando, a todo momento - e se me acha doido por dizer isso, [escute o neurocientista Anil Seth](https://lab.cccb.org/en/anil-seth-reality-is-a-controlled-hallucination/). + +Nossa interface com a realidade, o que ouvimos, o que vemos, os sabores que sentimos, as texturas que tocamos, está sujeita às mesmas limitações da visão. Captamos estímulos com variados sensores, que os traduzem em sinais elétricos, que são usados por sistemas especialistas no cérebro para compor uma "renderização", feita para ser utilizada por outros sistemas especialistas no cérebro. Vivemos em uma alucinação controlada - isso é resumido no experimento mental do [Cérebro numa Cuba](https://en.wikipedia.org/wiki/Brain_in_a_vat). + +Lembra do Fisicalismo e do Qualia-Formalismo lá de cima? Adiciono: + +* Realismo Indireto: Existe uma Realidade comum nossa percepção dela é mediada por processos computacionais que traduzem estímulos eletro-químicos. Nunca temos acesso à Realidade, como ela é, e sim a uma reconstrução computacional das migalhas que temos. # Níveis de Marr -Instanciar uma fantasma de carne autoconsciente, dotado de linguagem natural, gostos e poder causal é uma tarefa complicada e qualquer história sobre o que quer que permita o mistério de Ser e Estar Aqui precisa ter uma explicação _fullstack_. É preciso, simultaneamente, explicar quais são as funções que um sistema nervoso realiza, como elas viabilizam as capacidades de alto-nível que usamos a todo momento e também como isso é representado, computado e implementado no substrato biológico. +Note que no nível mais elementar o seu funcionamento depende de reações químicas e no nível mais abstrato, de processos computacionais. É preciso, simultaneamente, explicar quais são as funções seu corpo realiza, como elas viabilizam as capacidades de alto-nível que usamos a todo momento e também como isso é representado, computado e implementado no substrato biológico. @marr1979computational oferece uma maneira de quebrar nossas perguntas (e respostas) em caixinhas com isolamento de responsabilidades. Nesse framework, qualquer sistema de processamento de informação pode ser, a princípio, entendido em 3 níveis: @@ -46,6 +131,8 @@ Para tangibilizar isso um pouco, vamos imaginar um Large Language Model (LLM) tr As representações e algoritmos de uma rede neural são radicalmenete diferentes das representações e algoritmos que sistemas nervosos usam para funcionar. Isso não demanda mais explicações a menos é claro que você, leitor, tenha uma certa fé na analogia neurônio - Rede Neural. Se tiver, tudo bem, a ciência pop fez inúmeras vítimas. +# Onde Habita a Ansiedade? + # Anilhamento # Disfunção, Autoreconhecimento, Modulação de Comportamento diff --git a/public/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post.html b/public/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post.html index 3e9a1ca9..3d6c00c8 100644 --- a/public/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post.html +++ b/public/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post.html @@ -6,18 +6,84 @@ -

Existem algumas ideias que acho particularmente fracas porque dependem de recortes teóricos pouco informativos e uma certa delegação de responsabilidade. Países pobres serem pobres porque não produzem uma certa classe de eletrônicos, por exemplo. Outra é qualquer ideia que comece com “meu cérebro faz isso” e termina com “como ele tem menos dopamina que um cérebro neurotípico então [inserir justificativa para comportamento em questão]”.

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Esse tipo de raciocínio, a mim parece, funciona como uma espécie de racionalização do status quo. A consequência prática do que foi dito é que enquanto não invertarmos uma classe de remédios mirabolantes que consigam alterar de maneira persistente a sopa neuroquímica das nossas cabeças, a disfunção executiva é apenas um fato, dado como a cor do céu. Não estou convencido.

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Claro, me convencer não era a ideia do post original. Esse é um esforço genuíno de gente sofrendo com disfunção executiva para racionalizar o que se passa em termos de algo que é plausivelmente compreendido e eventualmente engenheirado, a neuroquímica. Bem, eu empatizo com isso, porque… se prepare para a surpresa… eu também sofro de disfunção executiva. Então gostaria de apresentar uma ontologia que me parece um tanto mais explicativa.

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Pulando entre níveis de Marr

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Instanciar uma fantasma de carne autoconsciente, dotado de linguagem natural, gostos e poder causal é uma tarefa complicada e qualquer história sobre o que quer que permita o mistério de Ser e Estar Aqui precisa ter uma explicação fullstack. É preciso, simultaneamente, explicar quais são as funções que um sistema nervoso realiza, como elas viabilizam as capacidades de alto-nível que usamos a todo momento e também como isso é representado, computado e implementado no substrato biológico.

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Esse tipo de raciocínio, a mim parece, funciona como uma espécie de racionalização do status quo. A implicação prática é que enquanto não invertarmos uma classe de remédios mirabolantes que consigam alterar de maneira persistente a sopa neuroquímica das nossas cabeças, a disfunção executiva é apenas um fato, dado como a cor do céu. Não estou convencido.

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Claro, me convencer não era a ideia do tweet. Esse é um esforço genuíno de gente sofrendo com disfunção executiva em racionalizar o que se passa em termos de algo que é plausivelmente compreendido e eventualmente engenheirado, a neuroquímica. Bem, eu empatizo com isso, porque… se prepare para a surpresa… eu também sofro de disfunção executiva.

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Dito isso, é um esforço que se tranca num canto sem saída porque parte de uma ontologia ciência pop de o que o cérebro faz, do que se trata a Mente e como se dá nosso comportamento. Em particular, há uma confusão sobre o que são e o que fazem neurotransmissores.

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+“Chemicals”? É mais complicado que isso… +
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Então gostaria de apresentar uma ontologia que me parece um tanto mais explicativa. Isso é uma conversa de muitas horas, então vou necessariamente precisar deixar pontos de fora e passar rápido por assuntos importantes. Pretendo apresentar um esqueleto mínimo de como fazer sentido desses problemas. A fonte intelectual de onde bebo inclui Marvin Minsky, Douglas Hofstadter, os rapazes do Qualia Research Institute - em particular, o Principia Qualia.

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Tirando a Alma da Sala

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Ser é um Mistério. Onde quer que se olhe, existem tradições intelectuais e religiosas oferecendo explicações para Isso Tudo Aí. Afinal, do que se trata estar no mundo, ser consciente de que está no mundo? As facetas mais ordinárias da experiência são são surreais, se você olhar com cuidado. De vez em quando me pego pensando no quão absurdo é que eu penso em fazer um movimento e meus músculos… se mexem.

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Uma resposta bem comum no Ocidente para isso é que temos uma Alma. Uma espécie de jóia imaterial, que independe do corpo em algum nível e persiste após nossa morte biológica. Essa alma é imensurável, “etérea” e não está sujeita à Física como a experenciamos. Dá para chamar essa ideia, vagamente, de Dualismo. Eu não pretendo derruba-lo aqui, mas é de bom tom tangibilizar minha ignorância, meus pontos de partida. A seguir estão alguns pontos de partida:

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  • Fisicalismo. Não faz sentido se referir a algo “não-físico”, como uma alma. Tudo que existe são fenômenos físicos, como energia, matéria e informação. As Leis da Física - seja lá quais forem - são causalmente completas. O universo é uma sopa de fisicalidade e nele estamos.

  • +
  • Formalismo de Qualia. Nossa experiência é real e tem uma estrutura, encodada nos vários mecanismos de armazenamento e transmissão de informação que nossos corpos usam - como correntes elétricas, neurotransmissores, hormônios, etc. Mais ainda, essa estrutura necessariamente tem uma representação matemática. Suponha por absurdo que não, que existe alguma faceta da nossa experiência que não pode ser representada em uma estrutura matemática. Supondo Fisicalismo, isso implica dizer que existe algum estado físico dos nossos corpos que não pode ser representado, que existe alguma configuração, de algum tecido, que não pode ser descrita - isso é… um absurdo. Não supor fisicalismo é um um apelo ao mistério.

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Nossas mentes são fenômenos absolutamente físicos (como Tudo), concretos e ligados ao funcionamento dos nossos corpos. Ao crescer acumulamos memórias, aprendizados, expandimos nosso repertório emocional - nossas almas são a colcha de retalhos do que vivemos. Isso tudo é absolutamente físico. Um filme triste te faz chorar, uma memória traumática te faz tensionar seus músculos, estresse faz suas pálpebras tremerem.

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Jogando o Epifenomenalismo pela Janela

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Existe uma linha de argumentação que tenta trivializar o mistério. E se nossa impressão de experiência, agência, for apenas uma racionalização ad hoc dos eventos que observamos? A navalha de Occam nos leva a crer que na verdade nossa percepção do mundo é um epifenômeno, não? Essa é a explicação mais simples: não existem grandes perguntas não-respondidas sobre ser consciente, fato é que nada e ninguém é consciente, temos apenas a impressão de ser. Isso parece ceticismo bem fundamentado, mas é inconsistente.

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Uma vez, pedalando na praia, roubaram minha bicicleta com uma faca - Rio de Janeiro, not even once - e não precisei de condicionamento pavloviano para que o medo me tomasse por inteiro quando vi a lâmina sendo apontada para mim. Pare por um momento para considerar a sequência de estímulos, vamos pensar no caminho que o estímulo visual de ver uma faca faz.

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Luz refletida pelo ambiente chega nas minhas retinas, são emitidos sinais que viajam pelo nervo ótico até o cortex visual, onde é construída uma imagem da cena e segmentados alguns objetos. Pessoa, bicicleta, asfalto, árvores, uma faca. Minha cabeça faz uma artimética não muito complicada: essa pessoa com a faca quer minha bicicleta, a faca pode me machucar seriamente, essa pessoa pode me atacar com a faca para pegar a bicicleta… estou correndo risco de vida.

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Até esse momento o estímulo visual foi engatilhando estímulos cada vez mais de alto nível, até um ponto crítico, a percepção do perigo. A partir daí o caminho inverte e é desencadeado uma cascata de efeitos de baixo nível. É o famoso fight or flight: libere adrenalina, aumente a circulação de sangue em algumas partes do corpo, diminua em outros, etc.

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Nenhuma dessas mudanças físicas no meu corpo teria ocorrido sem antes o raciocínio de alto nível envolvido em compreender a situação. Minha compreensão do perigo não é um evento irrelevante que surgiu para justificar após o fato a minha reação e sim o gatilho da reação. Não entrei em fight or flight porque me condicionaram a entrar em pânico me mostrando facas e aplicando alguma forma de reforço negativo até que isso fosse condicionado em mim e muito menos porque humanos vêm de fábrica com a tendência a entrar em pânico ao ver facas. Se o conteúdo da nossa experiência não tivesse poder causal, nós sequer poderíamos falar dela em primeiro lugar. É precisamente porque essa “causalidade reversa” - em que um estímulo precisa antes ser processado no nível de “pensamento” para ser cascateado em reações mecânicas do corpo - existe que a Evolução pôde recrutar esses processos em primeiro lugar.

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Se você fosse um completo maluco e apontasse uma arma para um gato, ameaçando atirar caso não receba carinho, o gato apenas diria miau. Não porque gatos são incapazes de sentir perigo, mas sim incapazes de fazer o raciocínio de alto-nível necessário para compreender o que se passa.

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Computação, Visão & Outras Drogas

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Queria por agora um pouco mais de atenção em um pedaço da história do assalto que é um tanto quanto mágico. Eu vi a arma. A luz refletida pelo ambiente que chegou nos meus olhos gerou atividade em alguns tecidos - como a retina - que engatilham sinais enviados através do nervo ótico até o cortex visual e aí…? A magia acontece, como diria Daniel Dennett.

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O processo de recompor uma imagem é eminentemente computacional! Existe, presume-se, alguma forma de representação da informação que chega no córtex visual, e um ou mais algoritmos responsáveis por mapear essa massa de sinais em uma imagem coerente que pode ser usada por outros sistemas do cérebro - por exemplo, as partes responsáveis por falar “ARMA, PERIGO!”. Somos computadores molhados, wetware.

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+Descartes também achava Visão uma doidera +
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Computação

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Veja, a imagem final composta a partir dos sinais elétricos que chegam no cortex visual é utilizada por outros subsistemas dentro do cérebro, então necessariamente existe alguma convenção de como representar esse tipo de informação. Mais ainda, para que o caminho compor imagem -> reconhecer arma -> sentir pânico funcionar, espera-se que os outros elos dessa cadeia também tenham aspectos computacionais.

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Considere o processo de ir até a esquina. É preciso conciliar informação multimodal para produzir um plano de ação e persegui-lo até a sua conclusão. A informação visual informa a posição no espaço, o caminhar depende de propriocepção e planejamento motor, e presumivelmente não se vai até a esquina por nada - existe o planejamento de alto-nível decorrente do desejo de comer o pãozinho francês da padaria na esquina.

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+Fonte: Steven Lehar, Cartoon Epistemology (2003) +
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Nossas mentes só podem operar e

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Outras Drogas

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Níveis de Marr

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Note que no nível mais elementar o seu funcionamento depende de reações químicas e no nível mais abstrato, de processos computacionais. É preciso, simultaneamente, explicar quais são as funções seu corpo realiza, como elas viabilizam as capacidades de alto-nível que usamos a todo momento e também como isso é representado, computado e implementado no substrato biológico.

Marr and Poggio (1979) oferece uma maneira de quebrar nossas perguntas (e respostas) em caixinhas com isolamento de responsabilidades. Nesse framework, qualquer sistema de processamento de informação pode ser, a princípio, entendido em 3 níveis:

  • Funcional/Computacional: Quais são as tarefas que esse sistema realiza? Que tipo de comportamento é implementado, quais são seus modos de falha, quais são as origens evolutivas?

  • Algoritmico/Representacional: De que maneira essas funções são representadas, quais são os algoritmos usamos para que elas sejam computadas?

  • Implementação: Quais mecanismos físicos são recrutados para persistir a representação e executar os algoritmos em questão?

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Para tangibilizar isso um pouco, vamos imaginar um Large Language Model (LLM) treinado em um grande corpus de texto. Ela tem habilidades verbais de um jovem razoavelmente lido, um humor seco, referências literárias e passa em alguma versão fraca do teste de Turing (não que isso seja grandes coisas). Em um nível funcional, não existe uma maneira simples de distinguir o que essa rede neural faz do que um humano faz. Descendo um andar, aparecem as distinções.

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As representações e algoritmos de uma rede neural são radicalmenete diferentes das representações e algoritmos que sistemas nervosos usam para funcionar. Isso não demanda mais explicações a menos é claro que você, leitor, tenha uma certa fé na analogia neurônio - Rede Neural. Se tiver, tudo bem, a ciência pop fez inúmeras vítimas.

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Onde Habita a Ansiedade?

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Anilhamento

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Disfunção, Autoreconhecimento, Modulação de Comportamento

Referências

From 699aa7ad83f497897e93ed366b7eb758ee14c151 Mon Sep 17 00:00:00 2001 From: Pedro Cavalcante Oliveira Date: Sat, 29 Jul 2023 19:40:02 -0300 Subject: [PATCH 04/13] uma tarde de bobeira --- content/authors/pedrocava/_index.md | 2 +- public/about.Rmd | 4 +- .../post.Rmd | 52 +++++++++++-------- 3 files changed, 34 insertions(+), 24 deletions(-) diff --git a/content/authors/pedrocava/_index.md b/content/authors/pedrocava/_index.md index 18fa7435..92e7ed26 100644 --- a/content/authors/pedrocava/_index.md +++ b/content/authors/pedrocava/_index.md @@ -4,5 +4,5 @@ images: twitter: PedrooCava --- -Formado em Economia pela Universidade Federal Fluminense (2020) e é Head de Dados na [Cumbuca](www.appcumbuca.com). Gosta especialmente de estratégias de identificação espertas, filosofia da mente, teoria musical e tem uma quedinha ~~não-correspondida~~ por matemática. +Formado em Economia pela Universidade Federal Fluminense (2020), é Head de Dados na [Cumbuca](www.appcumbuca.com). Gosta de estratégias de identificação espertas, filosofia da mente, teoria musical e tem uma quedinha ~~não-correspondida~~ por matemática. diff --git a/public/about.Rmd b/public/about.Rmd index 25640c8f..6a8266ef 100644 --- a/public/about.Rmd +++ b/public/about.Rmd @@ -9,8 +9,8 @@ Este blog é mantido por Daniel Coutinho e Pedro "Cava" Cavalcante. Escrevemos s **Daniel Coutinho** é formado em economia pela PUC-Rio (2018) e faz mestrado em economia na mesma instituição. É louco o suficiente para ter feito a monografia de fim de curso em econometria, e gosta de escrever sobre si próprio na terceira pessoa. Ele também é autor de um manual introduzindo o R, que você encontra [aqui](https://danmrc.github.io/R-para-Economistas/). -**Pedro "Cava" Cavalcante** é formado em Economia pela Universidade Federal Fluminense (2020) e é Head de Dados na [Cumbuca](www.appcumbuca.com). Gosta especialmente de estratégias de identificação espertas, filosofia da mente, teoria musical e tem uma quedinha ~~não-correspondida~~ por matemática. +**Pedro "Cava" Cavalcante** é formado em Economia pela Universidade Federal Fluminense (2020), é Head de Dados na [Cumbuca](www.appcumbuca.com). Gosta de estratégias de identificação espertas, filosofia da mente, teoria musical e tem uma quedinha ~~não-correspondida~~ por matemática. ## Sobre o nome do blog -Traduza para o inglês... Se continuar não entendendo, vamos manter assim o mistério que é mais legal. +Traduza para o inglês... Se continuar não entendendo, sorte sua. diff --git a/public/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post.Rmd b/public/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post.Rmd index 88d47038..ff563c7b 100644 --- a/public/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post.Rmd +++ b/public/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post.Rmd @@ -38,33 +38,41 @@ glue::glue( ') ``` -Então gostaria de apresentar uma ontologia que me parece um tanto mais explicativa. Isso é uma conversa de muitas horas, então vou necessariamente precisar deixar pontos de fora e passar rápido por assuntos importantes. Pretendo apresentar um esqueleto mínimo de como fazer sentido desses problemas. A fonte intelectual de onde bebo inclui [Marvin Minsky](https://en.wikipedia.org/wiki/Marvin_Minsky), [Douglas Hofstadter](https://en.wikipedia.org/wiki/Douglas_Hofstadter) e as mentes interessantes do [Qualia Research Institute](https://qri.org/) - em particular, o [Principia Qualia](https://opentheory.net/PrincipiaQualia.pdf). +Então gostaria de apresentar uma ontologia que me parece um tanto mais explicativa. Isso é - na verdade - uma conversa de muitas dezenas de horas, então vou necessariamente deixar (bastante) de fora e passar superficialmente por assuntos importantes. Pretendo apresentar um esqueleto mínimo de como fazer sentido desses problemas _para uma família de teorias_. Nada do que eu falo é original, estou bebendo de muitas fontes e fazendo colagem: [Marvin Minsky](https://en.wikipedia.org/wiki/Marvin_Minsky), [Douglas Hofstadter](https://en.wikipedia.org/wiki/Douglas_Hofstadter), [Don Hoffman](https://sites.socsci.uci.edu/~ddhoff/), [Olivia Guest](https://oliviaguest.com/), [Inês Hipólito](https://scholar.google.com/citations?user=WXSE96YAAAAJ&hl=pt-PT), [Karl Friston](https://www.fil.ion.ucl.ac.uk/~karl/), [Michael Levin](https://wyss.harvard.edu/team/associate-faculty/michael-levin-ph-d/)e as mentes interessantes do [Qualia Research Institute](https://qri.org/) - que tem um vocabulário muito peculiar e antes de conferir vale ler o [Principia Qualia](https://opentheory.net/PrincipiaQualia.pdf), que acredito que no futuro será lido como um clássico. + +Todas as suas discordâncias são razoáveis, mas vamos combinar de largar o _não, mas_ e trazer uma atitude de _sim, e_. Leia de boa fé, se achar que há detalhes de fora, eles provavelmente estão mesmo, mas está tudo formulado de maneira que basta então _expandir_ o que foi dito, ao invés de demolir em nome do que não foi. # Tirando a Alma da Sala -Ser é um Mistério. Onde quer que se olhe, existem tradições intelectuais e religiosas oferecendo explicações para Isso Tudo Aí. Afinal, do que se trata estar no mundo, ser consciente de que está no mundo? As facetas mais ordinárias da experiência são são surreais, se você olhar com cuidado. De vez em quando me pego pensando no quão absurdo é que eu *penso* em fazer um movimento e meus músculos... se mexem. +Ser é um Mistério. Onde quer que se olhe, existem tradições intelectuais e religiosas oferecendo explicações para Isso Tudo Aí. Do que se trata estar no mundo e ser consciente de que se está no mundo? As facetas mais ordinárias da experiência são são surreais, se você olhar com cuidado. De vez em quando me pego pensando no quão absurdo é que eu *penso* em fazer um movimento e meus músculos... se mexem. + +O que acontece para que eu consiga pensar em frases completas com sentido, lembrar daquela terça-feira em março de 2003 quando choveu tanto que ficamos presos na Livraria Prefácio da Voluntários da Pátria em Botafogo, sentir vergonha alheia, aprender a falar outras línguas? -Uma resposta bem comum no Ocidente para isso é que temos uma Alma. Uma espécie de jóia imaterial, que independe do corpo em algum nível e persiste após nossa morte biológica. Essa alma é imensurável, "etérea" e não está sujeita à Física como a experenciamos. Dá para chamar essa ideia, vagamente, de [Dualismo](https://plato.stanford.edu/entries/dualism/). Eu não pretendo derruba-lo aqui, mas é de bom tom tangibilizar minha ignorância, meus pontos de partida. A seguir estão alguns pontos de partida: +Uma resposta bem comum para isso é que temos uma Alma. Uma jóia imaterial, que independe do corpo e persiste após nossa morte biológica. Essa alma é imensurável, "etérea" e não está sujeita à Física dos livros e aceleradores de partículas. Dá para chamar essa ideia, vagamente, de [Dualismo](https://plato.stanford.edu/entries/dualism/). Eu não pretendo derruba-lo aqui, mas é de bom tom tangibilizar minha ignorância, meus pontos de partida. Vou colocar os meus milagres aqui na frente, para que você saiba o que eu estou supondo ser verdade: -- Fisicalismo. Não faz sentido se referir a algo "não-físico", como uma alma. Tudo que existe são fenômenos físicos, como energia, matéria e [informação](https://en.wikipedia.org/wiki/Information_theory). As Leis da Física - seja lá quais forem - são causalmente completas. O universo é uma sopa de fisicalidade e nele estamos. +- Fisicalismo. Não faz sentido se referir a algo "não-físico", como uma alma. Tudo que existe são fenômenos físicos, como energia, matéria e [informação](https://en.wikipedia.org/wiki/Information_theory). As Leis da Física - seja lá quais forem - são causalmente completas. O universo é uma sopa de fisicalidade e nele estamos. Tudo que acontece, inclusive nas nossas mentes, é mensurável. -- Formalismo de Qualia. Nossa experiência é real e tem uma _estrutura_, [encodada](https://en.wikipedia.org/wiki/Information_theory#Coding_theory) nos vários mecanismos de armazenamento e transmissão de informação que nossos corpos usam - como correntes elétricas, neurotransmissores, hormônios, etc. Mais ainda, essa estrutura necessariamente tem uma _representação matemática_. Suponha por absurdo que não, que existe alguma faceta da nossa experiência que não pode ser representada em uma estrutura matemática. Supondo Fisicalismo, isso implica dizer que existe algum estado _físico_ dos nossos corpos que não pode ser representado, que existe alguma configuração, de algum tecido, que não pode ser descrita - isso é... um absurdo. Não supor fisicalismo é um um apelo ao mistério. +- Formalismo de Qualia. Nossa experiência é real e tem uma _estrutura_, [encodada](https://en.wikipedia.org/wiki/Information_theory#Coding_theory) nos vários mecanismos de armazenamento e transmissão de informação que nossos corpos usam - como correntes elétricas, neurotransmissores, hormônios, proteínas etc. Mais ainda, essa estrutura necessariamente tem uma _representação matemática_. Suponha por absurdo que não, que existe alguma faceta da nossa experiência que não pode ser representada em uma estrutura matemática. Supondo Fisicalismo, isso implica dizer que existe algum estado _físico_ dos nossos corpos que não pode ser representado, que existe alguma configuração, de algum tecido, que não pode ser descrita - isso é... um absurdo - se você compra comigo a tese fisicalista. -Nossas mentes são fenômenos absolutamente físicos (como Tudo), concretos e ligados ao funcionamento dos nossos corpos. Ao crescer acumulamos memórias, aprendizados, expandimos nosso repertório emocional - nossas almas são a colcha de retalhos do que vivemos. Isso tudo é absolutamente físico. Um filme triste te faz chorar, uma memória traumática te faz tensionar seus músculos, estresse faz suas pálpebras tremerem. +Nossas mentes são fenômenos absolutamente físicos (como Tudo), concretos e ligados ao funcionamento dos nossos corpos. Ao crescer acumulamos memórias, aprendizados, expandimos nosso repertório emocional, motor e semântico. Isso tudo é absolutamente físico. Um filme triste te faz chorar, uma memória traumática te faz tensionar seus músculos, estresse faz suas pálpebras tremerem, cafeína demais também. # Jogando o Epifenomenalismo pela Janela -Existe uma linha de argumentação que tenta trivializar o mistério. E se nossa _impressão_ de experiência, agência, for apenas uma racionalização ad hoc dos eventos que observamos? A navalha de Occam nos leva a crer que na verdade nossa percepção do mundo é um _epifenômeno_, não? Essa é a explicação mais simples: não existem grandes perguntas não-respondidas sobre ser consciente, fato é que nada e ninguém é consciente, temos apenas a impressão de ser. Isso _parece_ ceticismo bem fundamentado, mas é inconsistente. +Existe uma linha de argumentação que tenta trivializar esse aparente mistério. E se nossa _impressão_ de experiência, agência, for apenas uma racionalização ad hoc dos eventos que observamos? A navalha de Occam nos leva a crer que na verdade nossa percepção do mundo é um _epifenômeno_, não? Essa é a explicação mais simples: não existem grandes perguntas não-respondidas sobre ser consciente, fato é que nada e ninguém é consciente, temos apenas a impressão de ser. Somos máquinas biológicas, pilhas de mecanismos de controle selecionadas pela evolução e nossa experiência não é real, inserir alguma citação a Skinner e como comportamento na verdade é apenas condicionamento. + +Isso, especialmente para muitos biólogos (vou voltar a eles mais tarde) e físicos _parece_ ceticismo bem fundamentado, mas é inconsistente. Se experiência fosse epifenomenal, a evolução não teria como a recrutar em primeiro lugar. Nenhum sistema complexo pode ser reativo, capaz de metacontrole e persistente no tempo sem representações do estado mundo encodadas no seu próprio estado - essa é uma afirmação carregada e voltarei nela mais à frente. Essas representações internas são computacionalmente relevantes e o fenômeno a que alude o termo _qualia_ - outra afirmação carregada, também volto aqui mais à frente. + +Uma história behaviorista radical/ epifenomenalista não exclui essas representações internas, pelo contrário, depende delas também porque afinal precisamos implementar condicionamento clássico de algum jeito. Uma história behaviorista depende apenas de escrita e leitura. A nossa depende de escrita, leitura e composição. -Uma vez, pedalando na praia, roubaram minha bicicleta com uma faca - _Rio de Janeiro, not even once_ - e não precisei de [condicionamento pavloviano](https://en.wikipedia.org/wiki/Classical_conditioning) para que o medo me tomasse por inteiro quando vi a lâmina sendo apontada para mim. Pare por um momento para considerar a sequência de estímulos, vamos pensar no caminho que o estímulo visual de ver uma faca faz. +Uma vez, pedalando na praia, roubaram minha bicicleta com uma faca - _o Rio de Janeiro continua lindo_ - e não precisei de [condicionamento pavloviano](https://en.wikipedia.org/wiki/Classical_conditioning) para que o medo me tomasse por inteiro quando vi a lâmina sendo apontada para mim. Pare por um momento para considerar a sequência de estímulos que culminou na minha experiência de medo. -Luz refletida pelo ambiente chega nas minhas retinas, são emitidos sinais que viajam pelo nervo ótico até o cortex visual, onde é construída uma imagem da cena e segmentados alguns objetos. Pessoa, bicicleta, asfalto, árvores, _uma faca_. Minha cabeça faz uma artimética não muito complicada: essa pessoa com a faca quer minha bicicleta, a faca pode me machucar seriamente, essa pessoa pode me atacar com a faca para pegar a bicicleta... estou correndo risco de vida. +Luz refletida pelas superfícies no ambiente (a pele do meu assaltante, a lâmina da faca, etc) chega nas minhas retinas, são emitidos sinais que viajam pelo nervo ótico até o cortex visual, onde ocorre o trabalho duro computacional de segmentar objetos, cores, texturas, profundidade, etc. Em posse de (quase-)plenas faculdade mentais eu reconheci: pessoa, bicicleta, asfalto, árvores, _uma faca_. Minha cabeça faz uma artimética não muito complicada: essa pessoa com a faca quer minha bicicleta, a faca pode me machucar seriamente, essa pessoa pode me atacar com a faca para pegar a bicicleta... estou correndo risco de vida. Até esse momento o estímulo visual foi engatilhando estímulos cada vez mais de [alto nível](https://en.wikipedia.org/wiki/High-_and_low-level), até um ponto crítico, a percepção do perigo. A partir daí o caminho inverte e é desencadeado uma cascata de efeitos de baixo nível. É o famoso [fight or flight](https://en.wikipedia.org/wiki/Fight-or-flight_response): libere adrenalina, aumente a circulação de sangue em algumas partes do corpo, diminua em outros, etc. -Nenhuma dessas mudanças físicas no meu corpo teria ocorrido sem antes o raciocínio de alto nível envolvido em _compreender_ a situação. Minha compreensão do perigo não é um evento irrelevante que surgiu para justificar após o fato a minha reação e sim o _gatilho_ da reação. Não entrei em fight or flight porque me condicionaram a entrar em pânico me mostrando facas e aplicando alguma forma de reforço negativo até que isso fosse _condicionado_ em mim e muito menos porque humanos vêm de fábrica com a tendência a entrar em pânico ao ver facas. Se o conteúdo da nossa experiência *não* tivesse poder causal, nós sequer poderíamos falar dela em primeiro lugar. É precisamente porque essa "causalidade reversa" - em que um estímulo precisa antes ser processado em alto-nível para ser cascateado em reações mecânicas do corpo - existe que a Evolução pôde recrutar esses processos em primeiro lugar. +Nenhuma dessas mudanças físicas no meu corpo teria ocorrido sem antes o raciocínio de alto nível envolvido em _compreender_ a situação. Minha compreensão do perigo não é um evento irrelevante que surgiu para justificar ad hoc a minha reação e sim o _gatilho_ da reação. Não entrei em fight or flight porque me condicionaram a entrar em pânico me mostrando facas e aplicando alguma forma de reforço negativo até que isso fosse _condicionado_ em mim e muito menos porque humanos vêm de fábrica com a tendência a entrar em pânico ao ver facas. Se o conteúdo da nossa experiência *não* tivesse poder causal, nós sequer poderíamos falar dela em primeiro lugar. É precisamente porque essa "causalidade reversa" - em que um estímulo precisa antes ser processado em alto-nível para ser cascateado em reações mecânicas do corpo - existe que a Evolução pôde recrutar esses processos em primeiro lugar. -Se você fosse um completo maluco e apontasse uma arma para um gato, ameaçando atirar caso não receba carinho, o gato apenas diria _miau_. Não porque gatos são incapazes de sentir perigo, mas sim incapazes de fazer o raciocínio de alto-nível necessário para compreender o que se passa. +Se você fosse um completo maluco e apontasse uma arma para um gato, ameaçando atirar caso não receba carinho, o gato apenas diria _miau_. Não porque gatos são incapazes de sentir perigo, mas sim incapazes de fazer o raciocínio de alto-nível necessário para compreender o que se passa. Gatos entendem outros gatos querendo brigar muito bem. # Computação, Visão & Outras Drogas @@ -101,45 +109,47 @@ glue::glue( ') ``` -Nossos cérebros, e sistemas nervosos, são uma coletânea de sistemas semi-especialistas - neuroplasticidade complica esse processo de especialização, mas podemos entrar nisso depois. O conjunto da obra só pode ter alguma ordem se existe (i) uma representação ou estrutura de dados que permita a transmissão de informação entre sistemas especialistas e (ii) um mecanismo de _leitura_ e _escrita_ que permita sistemas diferentes enviarem e receberem informação sob demanda. As analogias com software gritantes. +Nossos cérebros, e sistemas nervosos, são uma coletânea de sistemas semi-especialistas - neuroplasticidade complica esse processo de especialização, mas podemos entrar nisso depois. O conjunto da obra só pode ter alguma ordem se existe (i) uma representação ou estrutura de dados que permita a transmissão de informação entre sistemas especialistas e (ii) um mecanismo de _leitura_, _escrita_ e _composição_ que permita sistemas diferentes enviarem e receberem informação sob demanda. ### Outras Drogas Quase toda criança já se perguntou se o que todos chamamos de vermelho, ou azul, são vistas como cores diferentes por pessoas diferentes. Esse é o [problema de inversão de Qualia](https://plato.stanford.edu/entries/qualia-inverted/). Bem, ignorando os daltônicos por um momento, é muito fácil induzir algumas formas de inversão de qualia. Uma dose relativamente pequena de LSD pode fazer qualquer pessoa ver cores diferentes ~uma vez achei que o spotify tinha mudado toda a palheta de cores para tons de azul~, ou ver uma certa cor ao ouvir um som, e outras modalidades de sinestesia. -"Mas Pedro, essas pessoas estão claramente alucinando!". Sim, mas no que consiste essa alucinação? É uma alteração no processo (no algoritmo, eu ouso dizer) de composição de imagem a partir dos _mesmíssimos_ estímulos visuais que qualquer pessoa sóbria receberia e processaria em uma imagem aproximadamente correta. Estamos _todos_ alucinando, a todo momento - e se me acha doido por dizer isso, [escute o neurocientista Anil Seth](https://lab.cccb.org/en/anil-seth-reality-is-a-controlled-hallucination/). +"Mas Pedro, essas pessoas estão claramente alucinando!". Sim e no que consiste essa alucinação? É uma alteração no processo (no algoritmo, eu ouso dizer) de composição de imagem a partir dos _mesmíssimos_ estímulos visuais que qualquer pessoa sóbria receberia e processaria em uma imagem aproximadamente correta. Estamos _todos_ alucinando, a todo momento - e se me acha doido por dizer isso, [escute o neurocientista Anil Seth](https://lab.cccb.org/en/anil-seth-reality-is-a-controlled-hallucination/). A experiência do vermelho *não* é meramente uma frequência específica de onda estimulando sensores na retina e sim _o resultado do funcionamento do algoritmo de atribuição de cores_. Vermelho é informação encodada nos nossos corpos, não luz. Nossa interface com a realidade, o que ouvimos, o que vemos, os sabores que sentimos, as texturas que tocamos, está sujeita às mesmas limitações da visão. Captamos estímulos com variados sensores, que os traduzem em sinais elétricos, que são usados por sistemas especialistas no cérebro para compor uma "renderização", feita para ser utilizada por outros sistemas especialistas no cérebro. Vivemos em uma alucinação controlada - isso é resumido no experimento mental do [Cérebro numa Cuba](https://en.wikipedia.org/wiki/Brain_in_a_vat). -Lembra do Fisicalismo e do Qualia-Formalismo lá de cima? Adiciono: +Lembra do Fisicalismo e do Qualia-Formalismo lá de cima? Adiciono uma terceira perna: -* Realismo Indireto: Existe uma Realidade comum nossa percepção dela é mediada por processos computacionais que traduzem estímulos eletro-químicos. Nunca temos acesso à Realidade, como ela é, e sim a uma reconstrução computacional das migalhas que temos. +* Realismo Indireto: Existe uma Realidade comum e nossa percepção dela é mediada por processos computacionais que traduzem estímulos em variadas modalidades. Nunca temos acesso à Realidade, como ela é, e sim a uma reconstrução computacional das migalhas que conseguimos catar. # Níveis de Marr Note que no nível mais elementar o seu funcionamento depende de reações químicas e no nível mais abstrato, de processos computacionais. É preciso, simultaneamente, explicar quais são as funções seu corpo realiza, como elas viabilizam as capacidades de alto-nível que usamos a todo momento e também como isso é representado, computado e implementado no substrato biológico. -@marr1979computational oferece uma maneira de quebrar nossas perguntas (e respostas) em caixinhas com isolamento de responsabilidades. Nesse framework, qualquer sistema de processamento de informação pode ser, a princípio, entendido em 3 níveis: +@marr1979computational oferece uma maneira de quebrar nossas perguntas (e respostas) em caixinhas com algum isolamento de responsabilidades. Nesse framework, qualquer sistema de processamento de informação pode ser, a princípio, entendido em 3 níveis: * Funcional/Computacional: Quais são as tarefas que esse sistema realiza? Que tipo de comportamento é implementado, quais são seus modos de falha, quais são as origens evolutivas? -* Algoritmico/Representacional: De que maneira essas funções são representadas, quais são os algoritmos usamos para que elas sejam computadas? +* Algoritmico/Representacional: De que maneira essas funções são representadas e implementadas, quais são os algoritmos usamos para que elas sejam computadas? * Implementação: Quais mecanismos físicos são recrutados para persistir a representação e executar os algoritmos em questão? Para tangibilizar isso um pouco, vamos imaginar um Large Language Model (LLM) treinado em um grande corpus de texto. Ela tem habilidades verbais de um jovem razoavelmente lido, um humor seco, referências literárias e passa em alguma versão fraca do teste de Turing (não que isso seja grandes coisas). Em um nível _funcional_, não existe uma maneira simples de distinguir o que essa rede neural faz do que um humano faz. Descendo um andar, aparecem as distinções. -As representações e algoritmos de uma rede neural são radicalmenete diferentes das representações e algoritmos que sistemas nervosos usam para funcionar. Isso não demanda mais explicações a menos é claro que você, leitor, tenha uma certa fé na analogia neurônio - Rede Neural. Se tiver, tudo bem, a ciência pop fez inúmeras vítimas. +As representações e algoritmos de uma rede neural são radicalmenete diferentes das representações e algoritmos que sistemas nervosos usam para funcionar. Isso não demanda mais explicações a menos é claro que você, leitor, tenha uma certa fé na analogia Cérebro - Rede Neural. Se tiver, tudo bem, a ciência pop fez inúmeras vítimas. # Onde Habita a Ansiedade? -# Anilhamento - -# Disfunção, Autoreconhecimento, Modulação de Comportamento +# Múltiplas Funcionalidades +Engenheiros humanos são previsíveis. Quebre um problema grande em problemas menores que podem ser abordados isoladamente - ah, e de maneira que você possa arremessar álgebra linear no problema até ele ceder. A Mãe Natureza tem um gestor de projetos bem heterodoxo, trabalha com restrições orçamentárias e de experimentação muito diferentes. +# Anilhamento +# Disfunção, Autopercepção e Metacontrole +# O que eu acabei de ler? # Referências From b9f4e985878eb5bd9c37cd2e415f87ec4c91772d Mon Sep 17 00:00:00 2001 From: Pedro Cavalcante Oliveira Date: Sat, 29 Jul 2023 19:50:10 -0300 Subject: [PATCH 05/13] Update post.Rmd --- .../post.Rmd | 6 +----- 1 file changed, 1 insertion(+), 5 deletions(-) diff --git a/public/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post.Rmd b/public/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post.Rmd index ff563c7b..feb4cd6e 100644 --- a/public/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post.Rmd +++ b/public/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post.Rmd @@ -139,16 +139,12 @@ Para tangibilizar isso um pouco, vamos imaginar um Large Language Model (LLM) tr As representações e algoritmos de uma rede neural são radicalmenete diferentes das representações e algoritmos que sistemas nervosos usam para funcionar. Isso não demanda mais explicações a menos é claro que você, leitor, tenha uma certa fé na analogia Cérebro - Rede Neural. Se tiver, tudo bem, a ciência pop fez inúmeras vítimas. -# Onde Habita a Ansiedade? - # Múltiplas Funcionalidades Engenheiros humanos são previsíveis. Quebre um problema grande em problemas menores que podem ser abordados isoladamente - ah, e de maneira que você possa arremessar álgebra linear no problema até ele ceder. A Mãe Natureza tem um gestor de projetos bem heterodoxo, trabalha com restrições orçamentárias e de experimentação muito diferentes. - - # Anilhamento -# Disfunção, Autopercepção e Metacontrole +# Onde Habita a Ansiedade? # O que eu acabei de ler? # Referências From 4d8c21757dfdba862e73a3a51c872a4e4551c31f Mon Sep 17 00:00:00 2001 From: Pedro Cavalcante Oliveira Date: Sun, 30 Jul 2023 22:09:43 -0300 Subject: [PATCH 06/13] =?UTF-8?q?o=20pai=20t=C3=A1=20doido?= MIME-Version: 1.0 Content-Type: text/plain; charset=UTF-8 Content-Transfer-Encoding: 8bit --- .Rproj.user/shared/notebooks/paths | 1 + .../bibliography.bib | 56 +++++++ .../post.Rmd | 54 +++++-- .../post.html | 137 ++++++++++++++++++ .../twitter-widget-0.0.1/widgets.js | 0 .../bibliography.bib | 10 -- .../post.html | 95 ------------ 7 files changed, 235 insertions(+), 118 deletions(-) create mode 100644 content/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/bibliography.bib rename {public => content}/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post.Rmd (71%) create mode 100644 content/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post.html rename {public => content}/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post_files/twitter-widget-0.0.1/widgets.js (100%) delete mode 100644 public/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/bibliography.bib delete mode 100644 public/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post.html diff --git a/.Rproj.user/shared/notebooks/paths b/.Rproj.user/shared/notebooks/paths index 79dd8520..2f8b9c1e 100644 --- a/.Rproj.user/shared/notebooks/paths +++ b/.Rproj.user/shared/notebooks/paths @@ -1,4 +1,5 @@ C:/Users/pedro/azul/content/post/2022-06-19-note-taking/index.pt-br.Rmd="2E3C5664" +C:/Users/pedro/azul/content/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post.Rmd="CE10A287" C:/Users/pedro/azul/content/post/first-class-deliverables/post.Rmd="52A11494" C:/Users/pedro/azul/public/about.Rmd="8941B237" C:/Users/pedro/azul/public/post/2021-06-23-Categorias-espaco-institucional/post.Rmd="1B4A054A" diff --git a/content/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/bibliography.bib b/content/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/bibliography.bib new file mode 100644 index 00000000..0d5ba2a4 --- /dev/null +++ b/content/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/bibliography.bib @@ -0,0 +1,56 @@ +@article{marr1979computational, + title={A computational theory of human stereo vision}, + author={Marr, David and Poggio, Tomaso}, + journal={Proceedings of the {R}oyal {S}ociety of {L}ondon. Series B. Biological Sciences}, + volume={204}, + number={1156}, + pages={301--328}, + year={1979}, + publisher={The Royal Society London} +} + +@article{carhart2022canalization, + title={Canalization and plasticity in psychopathology}, + author={Carhart-Harris, RL and Chandaria, S and Erritzoe, DE and Gazzaley, A and Girn, M and Kettner, H and Mediano, PAM and Nutt, DJ and Rosas, FE and Roseman, L and others}, + journal={Neuropharmacology}, + pages={109398}, + year={2022}, + publisher={Elsevier} +} + +@article{johnson2016principia, + title={Principia Qualia}, + author={Johnson, M}, + journal={URL https://opentheory. net/2016/11/principia-qualia}, + volume={100}, + pages={013002}, + year={2016} +} + +@article{ellis2019dynamical, + title={The dynamical emergence of biology from physics: branching causation via biomolecules}, + author={Ellis, George FR and Kopel, Jonathan}, + journal={Frontiers in physiology}, + volume={9}, + pages={1966}, + year={2019}, + publisher={Frontiers Media SA} +} + +@article{erbas2018molecular, + title={Molecular logic gates: the past, present and future}, + author={Erbas-Cakmak, Sundus and Kolemen, Safacan and Sedgwick, Adam C and Gunnlaugsson, Thorfinnur and James, Tony D and Yoon, Juyoung and Akkaya, Engin U}, + journal={Chemical Society Reviews}, + volume={47}, + number={7}, + pages={2228--2248}, + year={2018}, + publisher={Royal Society of Chemistry} +} + +@book{hofstadter2007strange, + title={I am a strange loop}, + author={Hofstadter, Douglas R}, + year={2007}, + publisher={Basic books} +} \ No newline at end of file diff --git a/public/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post.Rmd b/content/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post.Rmd similarity index 71% rename from public/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post.Rmd rename to content/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post.Rmd index feb4cd6e..baa75255 100644 --- a/public/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post.Rmd +++ b/content/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post.Rmd @@ -38,7 +38,7 @@ glue::glue( ') ``` -Então gostaria de apresentar uma ontologia que me parece um tanto mais explicativa. Isso é - na verdade - uma conversa de muitas dezenas de horas, então vou necessariamente deixar (bastante) de fora e passar superficialmente por assuntos importantes. Pretendo apresentar um esqueleto mínimo de como fazer sentido desses problemas _para uma família de teorias_. Nada do que eu falo é original, estou bebendo de muitas fontes e fazendo colagem: [Marvin Minsky](https://en.wikipedia.org/wiki/Marvin_Minsky), [Douglas Hofstadter](https://en.wikipedia.org/wiki/Douglas_Hofstadter), [Don Hoffman](https://sites.socsci.uci.edu/~ddhoff/), [Olivia Guest](https://oliviaguest.com/), [Inês Hipólito](https://scholar.google.com/citations?user=WXSE96YAAAAJ&hl=pt-PT), [Karl Friston](https://www.fil.ion.ucl.ac.uk/~karl/), [Michael Levin](https://wyss.harvard.edu/team/associate-faculty/michael-levin-ph-d/)e as mentes interessantes do [Qualia Research Institute](https://qri.org/) - que tem um vocabulário muito peculiar e antes de conferir vale ler o [Principia Qualia](https://opentheory.net/PrincipiaQualia.pdf), que acredito que no futuro será lido como um clássico. +Então gostaria de apresentar uma ontologia que me parece um tanto mais explicativa. Isso é - na verdade - uma conversa de muitas dezenas de horas, então vou necessariamente deixar (bastante) de fora e passar superficialmente por assuntos importantes. Pretendo apresentar um esqueleto mínimo de como fazer sentido desses problemas _para uma família de teorias_. Nada do que eu falo é original, estou bebendo de muitas fontes e fazendo colagem: [Marvin Minsky](https://en.wikipedia.org/wiki/Marvin_Minsky), [Douglas Hofstadter](https://en.wikipedia.org/wiki/Douglas_Hofstadter), [Don Hoffman](https://sites.socsci.uci.edu/~ddhoff/), [Olivia Guest](https://oliviaguest.com/), [Inês Hipólito](https://scholar.google.com/citations?user=WXSE96YAAAAJ&hl=pt-PT), [Karl Friston](https://www.fil.ion.ucl.ac.uk/~karl/), [Michael Levin](https://wyss.harvard.edu/team/associate-faculty/michael-levin-ph-d/)e as mentes interessantes do [Qualia Research Institute](https://qri.org/). Todas as suas discordâncias são razoáveis, mas vamos combinar de largar o _não, mas_ e trazer uma atitude de _sim, e_. Leia de boa fé, se achar que há detalhes de fora, eles provavelmente estão mesmo, mas está tudo formulado de maneira que basta então _expandir_ o que foi dito, ao invés de demolir em nome do que não foi. @@ -62,7 +62,7 @@ Existe uma linha de argumentação que tenta trivializar esse aparente mistério Isso, especialmente para muitos biólogos (vou voltar a eles mais tarde) e físicos _parece_ ceticismo bem fundamentado, mas é inconsistente. Se experiência fosse epifenomenal, a evolução não teria como a recrutar em primeiro lugar. Nenhum sistema complexo pode ser reativo, capaz de metacontrole e persistente no tempo sem representações do estado mundo encodadas no seu próprio estado - essa é uma afirmação carregada e voltarei nela mais à frente. Essas representações internas são computacionalmente relevantes e o fenômeno a que alude o termo _qualia_ - outra afirmação carregada, também volto aqui mais à frente. -Uma história behaviorista radical/ epifenomenalista não exclui essas representações internas, pelo contrário, depende delas também porque afinal precisamos implementar condicionamento clássico de algum jeito. Uma história behaviorista depende apenas de escrita e leitura. A nossa depende de escrita, leitura e composição. +Uma história behaviorista radical/ epifenomenalista não exclui essas representações internas, pelo contrário, depende delas também porque afinal precisamos implementar condicionamento clássico de algum jeito. Uma história behaviorista depende apenas de escrita e leitura. A nossa depende de escrita, leitura e uma (ou mais) forma(s) de composição. Uma vez, pedalando na praia, roubaram minha bicicleta com uma faca - _o Rio de Janeiro continua lindo_ - e não precisei de [condicionamento pavloviano](https://en.wikipedia.org/wiki/Classical_conditioning) para que o medo me tomasse por inteiro quando vi a lâmina sendo apontada para mim. Pare por um momento para considerar a sequência de estímulos que culminou na minha experiência de medo. @@ -70,9 +70,11 @@ Luz refletida pelas superfícies no ambiente (a pele do meu assaltante, a lâmin Até esse momento o estímulo visual foi engatilhando estímulos cada vez mais de [alto nível](https://en.wikipedia.org/wiki/High-_and_low-level), até um ponto crítico, a percepção do perigo. A partir daí o caminho inverte e é desencadeado uma cascata de efeitos de baixo nível. É o famoso [fight or flight](https://en.wikipedia.org/wiki/Fight-or-flight_response): libere adrenalina, aumente a circulação de sangue em algumas partes do corpo, diminua em outros, etc. -Nenhuma dessas mudanças físicas no meu corpo teria ocorrido sem antes o raciocínio de alto nível envolvido em _compreender_ a situação. Minha compreensão do perigo não é um evento irrelevante que surgiu para justificar ad hoc a minha reação e sim o _gatilho_ da reação. Não entrei em fight or flight porque me condicionaram a entrar em pânico me mostrando facas e aplicando alguma forma de reforço negativo até que isso fosse _condicionado_ em mim e muito menos porque humanos vêm de fábrica com a tendência a entrar em pânico ao ver facas. Se o conteúdo da nossa experiência *não* tivesse poder causal, nós sequer poderíamos falar dela em primeiro lugar. É precisamente porque essa "causalidade reversa" - em que um estímulo precisa antes ser processado em alto-nível para ser cascateado em reações mecânicas do corpo - existe que a Evolução pôde recrutar esses processos em primeiro lugar. +Nenhuma dessas mudanças físicas no meu corpo teria ocorrido sem antes o raciocínio de alto nível envolvido em _compreender_ a situação. Minha compreensão do perigo não é um evento irrelevante que surgiu para justificar ad hoc a minha reação e sim o _gatilho_ da reação. Não entrei em fight or flight porque me condicionaram a entrar em pânico me mostrando facas e aplicando alguma forma de reforço negativo até que isso fosse _condicionado_ em mim e muito menos porque humanos vêm de fábrica com a tendência a entrar em pânico ao ver facas. -Se você fosse um completo maluco e apontasse uma arma para um gato, ameaçando atirar caso não receba carinho, o gato apenas diria _miau_. Não porque gatos são incapazes de sentir perigo, mas sim incapazes de fazer o raciocínio de alto-nível necessário para compreender o que se passa. Gatos entendem outros gatos querendo brigar muito bem. +Se o conteúdo da nossa experiência *não* tivesse poder causal, nós sequer poderíamos falar dela em primeiro lugar. É precisamente porque essa "causalidade reversa" - em que um estímulo precisa antes ser processado em alto-nível para ser cascateado em reações mecânicas do corpo - existe que a Evolução pôde recrutar esses processos em primeiro lugar. Isso não entra em contradição com a realidade física ser determinística porque assim que evoluíram estruturas proteicas como [receptores ionotrópicos](https://en.wikipedia.org/wiki/Ligand-gated_ion_channel), a Evolução tem gratuitamente acesso ao espaço platônico de verdades matemáticas e seus habitantes, como tabelas-verdade [@erbas2018molecular] e branching condicional [@ellis2019dynamical]. + +Nossa experiência do mundo não é um acidente de percurso e sim uma interface legível para a orquestração de uma variedade absurda de sistemas especialistas e capacidades. Como usuário de um computador ou telefone, toda a complexidade de como correntes elétricas passeiam por unidades de processamento é oculta de você - é isso que torna a máquina utilizável - e algo similar ocorre aqui. É infinitamente mais barato evoluir uma interface de usuário do que a capacidade de controlar paralelamente trilhões de células e incontáveis mensagens encodadas em proteínas, neurotransmissores e diferenciais de voltagem. # Computação, Visão & Outras Drogas @@ -90,7 +92,7 @@ glue::glue( ### Computação -Veja, a imagem final composta a partir dos sinais elétricos que chegam no cortex visual é utilizada por outros subsistemas dentro do cérebro, então necessariamente existe alguma convenção de como representar esse tipo de informação. Mais ainda, para que o caminho compor imagem -> reconhecer arma -> sentir pânico funcionar, necessariamente os outros elos também passam pela mesma interface comum de transmissão de informação. O que permite o sinal enviado pelos olhos ser usado para gerar uma imagem também permite que a informação contida na imagem seja usada para identificar objetos, compreender o perigo (ou a beleza e a semiótica) de uma situação. É computação _all the way down_. +Veja, a imagem final composta a partir dos sinais elétricos que chegam no cortex visual é utilizada por outros subsistemas dentro do cérebro, então necessariamente existe alguma convenção de como representar esse tipo de informação. Mais ainda, para que o caminho compor imagem -> reconhecer arma -> sentir pânico funcionar, necessariamente os outros elos também passam pela mesma interface comum de transmissão de informação. O que permite o sinal enviado pelos olhos ser usado para gerar uma imagem também permite que a informação contida na imagem seja usada para identificar objetos, compreender o perigo (ou a beleza e a semiótica) de uma situação. É computação _all the way down_. Considere o processo de ir até a esquina. É preciso conciliar informação multimodal para produzir um plano de ação e persegui-lo até a sua conclusão. A informação visual informa a posição no espaço, o caminhar depende de propriocepção e planejamento motor, e presumivelmente não se vai até a esquina por nada - existe o planejamento de alto-nível que decorre do desejo de comer o pãozinho francês da padaria na esquina. @@ -109,23 +111,38 @@ glue::glue( ') ``` -Nossos cérebros, e sistemas nervosos, são uma coletânea de sistemas semi-especialistas - neuroplasticidade complica esse processo de especialização, mas podemos entrar nisso depois. O conjunto da obra só pode ter alguma ordem se existe (i) uma representação ou estrutura de dados que permita a transmissão de informação entre sistemas especialistas e (ii) um mecanismo de _leitura_, _escrita_ e _composição_ que permita sistemas diferentes enviarem e receberem informação sob demanda. +Nossos cérebros, e sistemas nervosos, são uma coletânea de sistemas semi-especialistas - neuroplasticidade complica esse processo de especialização, mas podemos entrar nisso depois. O conjunto da obra só pode ter alguma ordem se existe (i) uma representação/ estrutura de dados que permita a concatenação de informação de diferentes sistemas especialistas e (ii) uma álgebra de operações como _leitura_, _escrita_ e _composição_ definida nessas estruturas. ### Outras Drogas -Quase toda criança já se perguntou se o que todos chamamos de vermelho, ou azul, são vistas como cores diferentes por pessoas diferentes. Esse é o [problema de inversão de Qualia](https://plato.stanford.edu/entries/qualia-inverted/). Bem, ignorando os daltônicos por um momento, é muito fácil induzir algumas formas de inversão de qualia. Uma dose relativamente pequena de LSD pode fazer qualquer pessoa ver cores diferentes ~uma vez achei que o spotify tinha mudado toda a palheta de cores para tons de azul~, ou ver uma certa cor ao ouvir um som, e outras modalidades de sinestesia. +Quase toda criança já se perguntou se o que todos chamamos de vermelho, ou azul, são vistas como cores diferentes por pessoas diferentes. Esse é o [problema de inversão de Qualia](https://plato.stanford.edu/entries/qualia-inverted/). Bem, ignorando os daltônicos por um momento, é muito fácil induzir algumas formas de inversão de qualia. Uma dose relativamente pequena de LSD pode fazer qualquer pessoa ver cores diferentes ~uma vez achei que o spotify tinha mudado toda a palheta de cores para tons de azul~, ou ver uma certa cor ao ouvir um som, e outras modalidades de sinestesia. "Mas Pedro, essas pessoas estão claramente alucinando!". Sim e no que consiste essa alucinação? É uma alteração no processo (no algoritmo, eu ouso dizer) de composição de imagem a partir dos _mesmíssimos_ estímulos visuais que qualquer pessoa sóbria receberia e processaria em uma imagem aproximadamente correta. Estamos _todos_ alucinando, a todo momento - e se me acha doido por dizer isso, [escute o neurocientista Anil Seth](https://lab.cccb.org/en/anil-seth-reality-is-a-controlled-hallucination/). A experiência do vermelho *não* é meramente uma frequência específica de onda estimulando sensores na retina e sim _o resultado do funcionamento do algoritmo de atribuição de cores_. Vermelho é informação encodada nos nossos corpos, não luz. -Nossa interface com a realidade, o que ouvimos, o que vemos, os sabores que sentimos, as texturas que tocamos, está sujeita às mesmas limitações da visão. Captamos estímulos com variados sensores, que os traduzem em sinais elétricos, que são usados por sistemas especialistas no cérebro para compor uma "renderização", feita para ser utilizada por outros sistemas especialistas no cérebro. Vivemos em uma alucinação controlada - isso é resumido no experimento mental do [Cérebro numa Cuba](https://en.wikipedia.org/wiki/Brain_in_a_vat). +Nossa interface com a realidade, o que ouvimos, o que vemos, os sabores que sentimos, as texturas que tocamos, está sujeita às mesmas limitações da visão. Captamos estímulos com variados sensores, que os traduzem em sinais elétricos, que são usados por sistemas especialistas no cérebro para compor uma "renderização", feita para ser utilizada por outros sistemas especialistas no cérebro. Vivemos em uma alucinação controlada - isso é resumido no experimento mental do [Cérebro numa Cuba](https://plato.stanford.edu/Archives/spr2009/entries/brain-vat/). Lembra do Fisicalismo e do Qualia-Formalismo lá de cima? Adiciono uma terceira perna: * Realismo Indireto: Existe uma Realidade comum e nossa percepção dela é mediada por processos computacionais que traduzem estímulos em variadas modalidades. Nunca temos acesso à Realidade, como ela é, e sim a uma reconstrução computacional das migalhas que conseguimos catar. +# Uma Pausa: Origens Evolutivas + +As origens evolutivas dessas capacidades computacionais da vida são um problema em aberto. + +![](https://64.media.tumblr.com/1b65c7a270ad1aa12f328598d54adc52/578a8a50523eba99-d8/s500x750/0a59e64b2d72f7cf0c47245583337859e0684b35.gifv) + +Essa amigável massaroca semi-transparente em formato de lágrima é da espécie _Lacrymaria Olor_. É um [protista ciliado](https://en.wikipedia.org/wiki/Ciliate) que caça extendendo um membro a distâncias de cerca de 5-6 vezes o seu próprio tamanho. Esse "bichinho" não tem um cérebro, mas dá conta de todas as suas necessidades metabólicas caçando. Mais ainda, estamos falando de um ser vivo unicelular. Mesmo nessa configuração extremamente simples existe fino controle motor, alguma capacidade de planejamento, de representação do estado do ambiente com algum grau de precisão (e.g. localização de comida relativa à posição atual). + +Nas menores escalas da vida existe computação acontecendo para viabilizar _tudo_. O comportamento de uma Lacrymaria não é aleatório, ele persegue objetivos sob restrições energéticas. Esse é o espaço de pesquisa do professor da Universidade Tutfs, [Michael Levin](https://www.youtube.com/watch?v=ZmRaIQOlxTY). Isso é um assunto enorme em si, mas em resumo: + +* Parte do trabalho envolvido em evoluir o design básico da primeira célula foi antes desenhar o maquinário molecular que permite a implementação de controle de comportamento. +* A evolução de multicelularidade exigiu também o desenvolvimento de representações de estado em tecidos e não apenas celulas individuais. +* A manutenção dos nossos corpos envolve a solução de problemas em modalidades e escalas totalmente diferentes. Muito antes de desenhar subsistemas especialistas no cérebro a Evolução fez isso para resolver questões básicas de metabolismo, homestosase térmica, anatômica... Tecidos têm eles próprios métodos de computação extracelulares. +* Nossos cérebros não realizam nada de fundamentalmente diferente do que a nossa amiga Lacrymaria faz para funcionar. A capacidade de transmitir e encodar informação com diferenciais de voltagem é usada por ciliados unicelulares e cérebros de mamíferos para solucionar os problemas computacionais inerentes a navegar em um ambiente. + # Níveis de Marr -Note que no nível mais elementar o seu funcionamento depende de reações químicas e no nível mais abstrato, de processos computacionais. É preciso, simultaneamente, explicar quais são as funções seu corpo realiza, como elas viabilizam as capacidades de alto-nível que usamos a todo momento e também como isso é representado, computado e implementado no substrato biológico. +Note que no nível mais elementar o seu funcionamento depende de física quântica (como você acha que se formam moléculas?) e no nível mais abstrato, de processos computacionais. Uma Teoria de Consciência precisa, simultaneamente, explicar quais são as funções seu corpo realiza, como elas viabilizam as capacidades de alto-nível que usamos a todo momento e também como isso é representado, computado e implementado no substrato biológico. @marr1979computational oferece uma maneira de quebrar nossas perguntas (e respostas) em caixinhas com algum isolamento de responsabilidades. Nesse framework, qualquer sistema de processamento de informação pode ser, a princípio, entendido em 3 níveis: @@ -137,13 +154,24 @@ Note que no nível mais elementar o seu funcionamento depende de reações quím Para tangibilizar isso um pouco, vamos imaginar um Large Language Model (LLM) treinado em um grande corpus de texto. Ela tem habilidades verbais de um jovem razoavelmente lido, um humor seco, referências literárias e passa em alguma versão fraca do teste de Turing (não que isso seja grandes coisas). Em um nível _funcional_, não existe uma maneira simples de distinguir o que essa rede neural faz do que um humano faz. Descendo um andar, aparecem as distinções. -As representações e algoritmos de uma rede neural são radicalmenete diferentes das representações e algoritmos que sistemas nervosos usam para funcionar. Isso não demanda mais explicações a menos é claro que você, leitor, tenha uma certa fé na analogia Cérebro - Rede Neural. Se tiver, tudo bem, a ciência pop fez inúmeras vítimas. +As representações e algoritmos de uma rede neural são radicalmenete diferentes das representações e algoritmos que sistemas nervosos usam para funcionar. Isso não demanda mais explicações a menos é claro que você, leitor, tenha uma certa fé na analogia Cérebro - Rede Neural. + +# Anilhamento, Entropia, Criticalidade, Organização + +Aqui vale finalmente dar algum enunciado do [Free-Energy Principle](https://en.wikipedia.org/wiki/Free_energy_principle). Um sistema dinâmico que persiste em alguma escala não-trivial de tempo precisa de: + +* Uma representação do estado do mundo/ambiente +* Um modelo do estado futuro do mundo +* Um mecanismo de atualização das suas representações do mundo a partir de dados novos +* Algum modelo de como se comportar em função do estado presente do ambiente e das previsões de como serão os estados futuros + +A Evolução não tem tempo nem um escopo suficientemente pequeno de problemas para resolver com soluções fechadas. Para dar conta dessas necessidades inerentes à sobrevivência é muito mais plausível então que ela se apoie em princípios de auto-organização. Acho que isso é muito bem articulado [neste texto](https://opentheory.net/2019/11/neural-annealing-toward-a-neural-theory-of-everything/) de Mike Johnson. A citação é grande, mas acredito que vale: + +> Traditionally, neuroscience has been concerned with cataloguing the brain, e.g. collecting discrete observations about anatomy, observed cyclic patterns (EEG frequencies), and cell types and neurotransmitters, and trying to match these facts with functional stories. However, it’s increasingly clear that these sorts of neat stories about localized function are artifacts of the tools we’re using to look at the brain, not of the brain’s underlying computational structure. What’s the alternative? Instead of centering our exploration on the sorts of raw data our tools are able to gather, we can approach the brain as a self-organizing system, something which uses a few core principles to both build and regulate itself. As such, if we can reverse-engineer these core principles and use what tools we have to validate these bottom-up models, we can both understand the internal logic of the brain’s algorithms — the how and why the brain does what it does — as well as find more elegant intervention points for altering it. + -# Múltiplas Funcionalidades -Engenheiros humanos são previsíveis. Quebre um problema grande em problemas menores que podem ser abordados isoladamente - ah, e de maneira que você possa arremessar álgebra linear no problema até ele ceder. A Mãe Natureza tem um gestor de projetos bem heterodoxo, trabalha com restrições orçamentárias e de experimentação muito diferentes. -# Anilhamento # Onde Habita a Ansiedade? # O que eu acabei de ler? # Referências diff --git a/content/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post.html b/content/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post.html new file mode 100644 index 00000000..1902661a --- /dev/null +++ b/content/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post.html @@ -0,0 +1,137 @@ + + + +

Como um bom cidadão terminalmente online tudo que se passa na minha mente é uma reação ao que um estranho disse no twitter:

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Esse tipo de raciocínio, a mim parece, funciona como uma espécie de racionalização do status quo. A implicação prática é que enquanto não invertarmos uma classe de remédios mirabolantes que consigam alterar de maneira persistente a sopa neuroquímica das nossas cabeças, a disfunção executiva é apenas um fato, dado como a cor do céu. Não estou convencido.

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Claro, me convencer não era a ideia do tweet. Esse é um esforço genuíno de gente sofrendo com disfunção executiva em racionalizar o que se passa em termos de algo que é plausivelmente compreendido e eventualmente engenheirado, a neuroquímica. Bem, eu empatizo com isso, porque… se prepare para a surpresa… eu também sofro de disfunção executiva.

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Dito isso, é um esforço que se tranca num canto sem saída porque parte de uma ontologia ciência pop de o que o cérebro faz, do que se trata a Mente e como se dá nosso comportamento. Em particular, há uma confusão sobre o que são e o que fazem neurotransmissores.

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+“Chemicals”? É mais complicado que isso… +
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Então gostaria de apresentar uma ontologia que me parece um tanto mais explicativa. Isso é - na verdade - uma conversa de muitas dezenas de horas, então vou necessariamente deixar (bastante) de fora e passar superficialmente por assuntos importantes. Pretendo apresentar um esqueleto mínimo de como fazer sentido desses problemas para uma família de teorias. Nada do que eu falo é original, estou bebendo de muitas fontes e fazendo colagem: Marvin Minsky, Douglas Hofstadter, Don Hoffman, Olivia Guest, Inês Hipólito, Karl Friston, Michael Levine as mentes interessantes do Qualia Research Institute.

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Todas as suas discordâncias são razoáveis, mas vamos combinar de largar o não, mas e trazer uma atitude de sim, e. Leia de boa fé, se achar que há detalhes de fora, eles provavelmente estão mesmo, mas está tudo formulado de maneira que basta então expandir o que foi dito, ao invés de demolir em nome do que não foi.

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Tirando a Alma da Sala

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Ser é um Mistério. Onde quer que se olhe, existem tradições intelectuais e religiosas oferecendo explicações para Isso Tudo Aí. Do que se trata estar no mundo e ser consciente de que se está no mundo? As facetas mais ordinárias da experiência são são surreais, se você olhar com cuidado. De vez em quando me pego pensando no quão absurdo é que eu penso em fazer um movimento e meus músculos… se mexem.

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O que acontece para que eu consiga pensar em frases completas com sentido, lembrar daquela terça-feira em março de 2003 quando choveu tanto que ficamos presos na Livraria Prefácio da Voluntários da Pátria em Botafogo, sentir vergonha alheia, aprender a falar outras línguas?

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Uma resposta bem comum para isso é que temos uma Alma. Uma jóia imaterial, que independe do corpo e persiste após nossa morte biológica. Essa alma é imensurável, “etérea” e não está sujeita à Física dos livros e aceleradores de partículas. Dá para chamar essa ideia, vagamente, de Dualismo. Eu não pretendo derruba-lo aqui, mas é de bom tom tangibilizar minha ignorância, meus pontos de partida. Vou colocar os meus milagres aqui na frente, para que você saiba o que eu estou supondo ser verdade:

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  • Fisicalismo. Não faz sentido se referir a algo “não-físico”, como uma alma. Tudo que existe são fenômenos físicos, como energia, matéria e informação. As Leis da Física - seja lá quais forem - são causalmente completas. O universo é uma sopa de fisicalidade e nele estamos. Tudo que acontece, inclusive nas nossas mentes, é mensurável.

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  • Formalismo de Qualia. Nossa experiência é real e tem uma estrutura, encodada nos vários mecanismos de armazenamento e transmissão de informação que nossos corpos usam - como correntes elétricas, neurotransmissores, hormônios, proteínas etc. Mais ainda, essa estrutura necessariamente tem uma representação matemática. Suponha por absurdo que não, que existe alguma faceta da nossa experiência que não pode ser representada em uma estrutura matemática. Supondo Fisicalismo, isso implica dizer que existe algum estado físico dos nossos corpos que não pode ser representado, que existe alguma configuração, de algum tecido, que não pode ser descrita - isso é… um absurdo - se você compra comigo a tese fisicalista.

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Nossas mentes são fenômenos absolutamente físicos (como Tudo), concretos e ligados ao funcionamento dos nossos corpos. Ao crescer acumulamos memórias, aprendizados, expandimos nosso repertório emocional, motor e semântico. Isso tudo é absolutamente físico. Um filme triste te faz chorar, uma memória traumática te faz tensionar seus músculos, estresse faz suas pálpebras tremerem, cafeína demais também.

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Jogando o Epifenomenalismo pela Janela

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Existe uma linha de argumentação que tenta trivializar esse aparente mistério. E se nossa impressão de experiência, agência, for apenas uma racionalização ad hoc dos eventos que observamos? A navalha de Occam nos leva a crer que na verdade nossa percepção do mundo é um epifenômeno, não? Essa é a explicação mais simples: não existem grandes perguntas não-respondidas sobre ser consciente, fato é que nada e ninguém é consciente, temos apenas a impressão de ser. Somos máquinas biológicas, pilhas de mecanismos de controle selecionadas pela evolução e nossa experiência não é real, inserir alguma citação a Skinner e como comportamento na verdade é apenas condicionamento.

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Isso, especialmente para muitos biólogos (vou voltar a eles mais tarde) e físicos parece ceticismo bem fundamentado, mas é inconsistente. Se experiência fosse epifenomenal, a evolução não teria como a recrutar em primeiro lugar. Nenhum sistema complexo pode ser reativo, capaz de metacontrole e persistente no tempo sem representações do estado mundo encodadas no seu próprio estado - essa é uma afirmação carregada e voltarei nela mais à frente. Essas representações internas são computacionalmente relevantes e o fenômeno a que alude o termo qualia - outra afirmação carregada, também volto aqui mais à frente.

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Uma história behaviorista radical/ epifenomenalista não exclui essas representações internas, pelo contrário, depende delas também porque afinal precisamos implementar condicionamento clássico de algum jeito. Uma história behaviorista depende apenas de escrita e leitura. A nossa depende de escrita, leitura e uma (ou mais) forma(s) de composição.

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Uma vez, pedalando na praia, roubaram minha bicicleta com uma faca - o Rio de Janeiro continua lindo - e não precisei de condicionamento pavloviano para que o medo me tomasse por inteiro quando vi a lâmina sendo apontada para mim. Pare por um momento para considerar a sequência de estímulos que culminou na minha experiência de medo.

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Luz refletida pelas superfícies no ambiente (a pele do meu assaltante, a lâmina da faca, etc) chega nas minhas retinas, são emitidos sinais que viajam pelo nervo ótico até o cortex visual, onde ocorre o trabalho duro computacional de segmentar objetos, cores, texturas, profundidade, etc. Em posse de (quase-)plenas faculdade mentais eu reconheci: pessoa, bicicleta, asfalto, árvores, uma faca. Minha cabeça faz uma artimética não muito complicada: essa pessoa com a faca quer minha bicicleta, a faca pode me machucar seriamente, essa pessoa pode me atacar com a faca para pegar a bicicleta… estou correndo risco de vida.

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Até esse momento o estímulo visual foi engatilhando estímulos cada vez mais de alto nível, até um ponto crítico, a percepção do perigo. A partir daí o caminho inverte e é desencadeado uma cascata de efeitos de baixo nível. É o famoso fight or flight: libere adrenalina, aumente a circulação de sangue em algumas partes do corpo, diminua em outros, etc.

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Nenhuma dessas mudanças físicas no meu corpo teria ocorrido sem antes o raciocínio de alto nível envolvido em compreender a situação. Minha compreensão do perigo não é um evento irrelevante que surgiu para justificar ad hoc a minha reação e sim o gatilho da reação. Não entrei em fight or flight porque me condicionaram a entrar em pânico me mostrando facas e aplicando alguma forma de reforço negativo até que isso fosse condicionado em mim e muito menos porque humanos vêm de fábrica com a tendência a entrar em pânico ao ver facas.

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Se o conteúdo da nossa experiência não tivesse poder causal, nós sequer poderíamos falar dela em primeiro lugar. É precisamente porque essa “causalidade reversa” - em que um estímulo precisa antes ser processado em alto-nível para ser cascateado em reações mecânicas do corpo - existe que a Evolução pôde recrutar esses processos em primeiro lugar. Isso não entra em contradição com a realidade física ser determinística porque assim que evoluíram estruturas proteicas como receptores ionotrópicos, a Evolução tem gratuitamente acesso ao espaço platônico de verdades matemáticas e seus habitantes, como tabelas-verdade (Erbas-Cakmak et al. 2018) e branching condicional (Ellis and Kopel 2019).

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Nossa experiência do mundo não é um acidente de percurso e sim uma interface legível para a orquestração de uma variedade absurda de sistemas especialistas e capacidades. Como usuário de um computador ou telefone, toda a complexidade de como correntes elétricas passeiam por unidades de processamento é oculta de você - é isso que torna a máquina utilizável - e algo similar ocorre aqui. É infinitamente mais barato evoluir uma interface de usuário do que a capacidade de controlar paralelamente trilhões de células e incontáveis mensagens encodadas em proteínas, neurotransmissores e diferenciais de voltagem.

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Computação, Visão & Outras Drogas

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Queria por agora um pouco mais de atenção em um pedaço da história do assalto que é um tanto quanto mágico. Eu vi a arma. A luz refletida pelo ambiente que chegou nos meus olhos gerou atividade em alguns tecidos - como a retina - que engatilham sinais enviados através do nervo ótico até o cortex visual e aí…? A magia acontece, como diria Daniel Dennett.

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O processo de recompor uma imagem é eminentemente computacional! Existe, presume-se, alguma forma de representação da informação que chega no córtex visual, e um ou mais algoritmos responsáveis por mapear essa massa de sinais em uma imagem coerente que pode ser usada por outros sistemas do cérebro - por exemplo, as partes responsáveis por falar “ARMA, PERIGO!”. Somos computadores molhados, wetware.

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+Descartes também achava Visão uma doidera +
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Computação

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Veja, a imagem final composta a partir dos sinais elétricos que chegam no cortex visual é utilizada por outros subsistemas dentro do cérebro, então necessariamente existe alguma convenção de como representar esse tipo de informação. Mais ainda, para que o caminho compor imagem -> reconhecer arma -> sentir pânico funcionar, necessariamente os outros elos também passam pela mesma interface comum de transmissão de informação. O que permite o sinal enviado pelos olhos ser usado para gerar uma imagem também permite que a informação contida na imagem seja usada para identificar objetos, compreender o perigo (ou a beleza e a semiótica) de uma situação. É computação all the way down.

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Considere o processo de ir até a esquina. É preciso conciliar informação multimodal para produzir um plano de ação e persegui-lo até a sua conclusão. A informação visual informa a posição no espaço, o caminhar depende de propriocepção e planejamento motor, e presumivelmente não se vai até a esquina por nada - existe o planejamento de alto-nível que decorre do desejo de comer o pãozinho francês da padaria na esquina.

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+Fonte: Steven Lehar, Cartoon Epistemology (2003) +
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Nossos cérebros, e sistemas nervosos, são uma coletânea de sistemas semi-especialistas - neuroplasticidade complica esse processo de especialização, mas podemos entrar nisso depois. O conjunto da obra só pode ter alguma ordem se existe (i) uma representação/ estrutura de dados que permita a concatenação de informação de diferentes sistemas especialistas e (ii) uma álgebra de operações como leitura, escrita e composição definida nessas estruturas.

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Outras Drogas

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Quase toda criança já se perguntou se o que todos chamamos de vermelho, ou azul, são vistas como cores diferentes por pessoas diferentes. Esse é o problema de inversão de Qualia. Bem, ignorando os daltônicos por um momento, é muito fácil induzir algumas formas de inversão de qualia. Uma dose relativamente pequena de LSD pode fazer qualquer pessoa ver cores diferentes ~uma vez achei que o spotify tinha mudado toda a palheta de cores para tons de azul~, ou ver uma certa cor ao ouvir um som, e outras modalidades de sinestesia.

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“Mas Pedro, essas pessoas estão claramente alucinando!”. Sim e no que consiste essa alucinação? É uma alteração no processo (no algoritmo, eu ouso dizer) de composição de imagem a partir dos mesmíssimos estímulos visuais que qualquer pessoa sóbria receberia e processaria em uma imagem aproximadamente correta. Estamos todos alucinando, a todo momento - e se me acha doido por dizer isso, escute o neurocientista Anil Seth. A experiência do vermelho não é meramente uma frequência específica de onda estimulando sensores na retina e sim o resultado do funcionamento do algoritmo de atribuição de cores. Vermelho é informação encodada nos nossos corpos, não luz.

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Nossa interface com a realidade, o que ouvimos, o que vemos, os sabores que sentimos, as texturas que tocamos, está sujeita às mesmas limitações da visão. Captamos estímulos com variados sensores, que os traduzem em sinais elétricos, que são usados por sistemas especialistas no cérebro para compor uma “renderização”, feita para ser utilizada por outros sistemas especialistas no cérebro. Vivemos em uma alucinação controlada - isso é resumido no experimento mental do Cérebro numa Cuba.

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Lembra do Fisicalismo e do Qualia-Formalismo lá de cima? Adiciono uma terceira perna:

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  • Realismo Indireto: Existe uma Realidade comum e nossa percepção dela é mediada por processos computacionais que traduzem estímulos em variadas modalidades. Nunca temos acesso à Realidade, como ela é, e sim a uma reconstrução computacional das migalhas que conseguimos catar.
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Uma Pausa: Origens Evolutivas

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As origens evolutivas dessas capacidades computacionais da vida são um problema em aberto.

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Essa amigável massaroca semi-transparente em formato de lágrima é da espécie Lacrymaria Olor. É um protista ciliado que caça extendendo um membro a distâncias de cerca de 5-6 vezes o seu próprio tamanho. Esse “bichinho” não tem um cérebro, mas dá conta de todas as suas necessidades metabólicas caçando. Mais ainda, estamos falando de um ser vivo unicelular. Mesmo nessa configuração extremamente simples existe fino controle motor, alguma capacidade de planejamento, de representação do estado do ambiente com algum grau de precisão (e.g. localização de comida relativa à posição atual).

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Nas menores escalas da vida existe computação acontecendo para viabilizar tudo. O comportamento de uma Lacrymaria não é aleatório, ele persegue objetivos sob restrições energéticas. Esse é o espaço de pesquisa do professor da Universidade Tutfs, Michael Levin. Isso é um assunto enorme em si, mas em resumo:

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  • Parte do trabalho envolvido em evoluir o design básico da primeira célula foi antes desenhar o maquinário molecular que permite a implementação de controle de comportamento.
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  • A evolução de multicelularidade exigiu também o desenvolvimento de representações de estado em tecidos e não apenas celulas individuais.
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  • A manutenção dos nossos corpos envolve a solução de problemas em modalidades e escalas totalmente diferentes. Muito antes de desenhar subsistemas especialistas no cérebro a Evolução fez isso para resolver questões básicas de metabolismo, homestosase térmica, anatômica… Tecidos têm eles próprios métodos de computação extracelulares.
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  • Nossos cérebros não realizam nada de fundamentalmente diferente do que a nossa amiga Lacrymaria faz para funcionar. A capacidade de transmitir e encodar informação com diferenciais de voltagem é usada por ciliados unicelulares e cérebros de mamíferos para solucionar os problemas computacionais inerentes a navegar em um ambiente.
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Níveis de Marr

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Note que no nível mais elementar o seu funcionamento depende de física quântica (como você acha que se formam moléculas?) e no nível mais abstrato, de processos computacionais. Uma Teoria de Consciência precisa, simultaneamente, explicar quais são as funções seu corpo realiza, como elas viabilizam as capacidades de alto-nível que usamos a todo momento e também como isso é representado, computado e implementado no substrato biológico.

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Marr and Poggio (1979) oferece uma maneira de quebrar nossas perguntas (e respostas) em caixinhas com algum isolamento de responsabilidades. Nesse framework, qualquer sistema de processamento de informação pode ser, a princípio, entendido em 3 níveis:

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  • Funcional/Computacional: Quais são as tarefas que esse sistema realiza? Que tipo de comportamento é implementado, quais são seus modos de falha, quais são as origens evolutivas?

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  • Algoritmico/Representacional: De que maneira essas funções são representadas e implementadas, quais são os algoritmos usamos para que elas sejam computadas?

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  • Implementação: Quais mecanismos físicos são recrutados para persistir a representação e executar os algoritmos em questão?

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Para tangibilizar isso um pouco, vamos imaginar um Large Language Model (LLM) treinado em um grande corpus de texto. Ela tem habilidades verbais de um jovem razoavelmente lido, um humor seco, referências literárias e passa em alguma versão fraca do teste de Turing (não que isso seja grandes coisas). Em um nível funcional, não existe uma maneira simples de distinguir o que essa rede neural faz do que um humano faz. Descendo um andar, aparecem as distinções.

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As representações e algoritmos de uma rede neural são radicalmenete diferentes das representações e algoritmos que sistemas nervosos usam para funcionar. Isso não demanda mais explicações a menos é claro que você, leitor, tenha uma certa fé na analogia Cérebro - Rede Neural.

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Anilhamento, Entropia, Criticalidade, Organização

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Aqui vale finalmente dar algum enunciado do Free-Energy Principle. Um sistema dinâmico que persiste em alguma escala não-trivial de tempo precisa de:

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  • Uma representação do estado do mundo/ambiente
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  • Um modelo do estado futuro do mundo
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  • Um mecanismo de atualização das suas representações do mundo a partir de dados novos
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  • Algum modelo de como se comportar em função do estado presente do ambiente e das previsões de como serão os estados futuros
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A Evolução não tem tempo nem um escopo suficientemente pequeno de problemas para resolver com soluções fechadas. Para dar conta dessas necessidades inerentes à sobrevivência é muito mais plausível então que ela se apoie em princípios de auto-organização. Acho que isso é muito bem articulado neste texto de Mike Johnson. A citação é grande, mas acredito que vale:

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Traditionally, neuroscience has been concerned with cataloguing the brain, e.g. collecting discrete observations about anatomy, observed cyclic patterns (EEG frequencies), and cell types and neurotransmitters, and trying to match these facts with functional stories. However, it’s increasingly clear that these sorts of neat stories about localized function are artifacts of the tools we’re using to look at the brain, not of the brain’s underlying computational structure. What’s the alternative? Instead of centering our exploration on the sorts of raw data our tools are able to gather, we can approach the brain as a self-organizing system, something which uses a few core principles to both build and regulate itself. As such, if we can reverse-engineer these core principles and use what tools we have to validate these bottom-up models, we can both understand the internal logic of the brain’s algorithms — the how and why the brain does what it does — as well as find more elegant intervention points for altering it.

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Onde Habita a Ansiedade?

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O que eu acabei de ler?

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Referências

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+Ellis, George FR, and Jonathan Kopel. 2019. “The Dynamical Emergence of Biology from Physics: Branching Causation via Biomolecules.” Frontiers in Physiology 9: 1966. +
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+Erbas-Cakmak, Sundus, Safacan Kolemen, Adam C Sedgwick, Thorfinnur Gunnlaugsson, Tony D James, Juyoung Yoon, and Engin U Akkaya. 2018. “Molecular Logic Gates: The Past, Present and Future.” Chemical Society Reviews 47 (7): 2228–48. +
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+Marr, David, and Tomaso Poggio. 1979. “A Computational Theory of Human Stereo Vision.” Proceedings of the Royal Society of London. Series B. Biological Sciences 204 (1156): 301–28. +
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diff --git a/public/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post_files/twitter-widget-0.0.1/widgets.js b/content/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post_files/twitter-widget-0.0.1/widgets.js similarity index 100% rename from public/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post_files/twitter-widget-0.0.1/widgets.js rename to content/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post_files/twitter-widget-0.0.1/widgets.js diff --git a/public/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/bibliography.bib b/public/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/bibliography.bib deleted file mode 100644 index d047bd77..00000000 --- a/public/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/bibliography.bib +++ /dev/null @@ -1,10 +0,0 @@ -@article{marr1979computational, - title={A computational theory of human stereo vision}, - author={Marr, David and Poggio, Tomaso}, - journal={Proceedings of the {R}oyal {S}ociety of {L}ondon. Series B. Biological Sciences}, - volume={204}, - number={1156}, - pages={301--328}, - year={1979}, - publisher={The Royal Society London} -} \ No newline at end of file diff --git a/public/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post.html b/public/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post.html deleted file mode 100644 index 3d6c00c8..00000000 --- a/public/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post.html +++ /dev/null @@ -1,95 +0,0 @@ - - - -

Como um bom cidadão terminalmente online tudo que se passa na minha mente é uma reação ao que um estranho disse no twitter:

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Esse tipo de raciocínio, a mim parece, funciona como uma espécie de racionalização do status quo. A implicação prática é que enquanto não invertarmos uma classe de remédios mirabolantes que consigam alterar de maneira persistente a sopa neuroquímica das nossas cabeças, a disfunção executiva é apenas um fato, dado como a cor do céu. Não estou convencido.

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Claro, me convencer não era a ideia do tweet. Esse é um esforço genuíno de gente sofrendo com disfunção executiva em racionalizar o que se passa em termos de algo que é plausivelmente compreendido e eventualmente engenheirado, a neuroquímica. Bem, eu empatizo com isso, porque… se prepare para a surpresa… eu também sofro de disfunção executiva.

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Dito isso, é um esforço que se tranca num canto sem saída porque parte de uma ontologia ciência pop de o que o cérebro faz, do que se trata a Mente e como se dá nosso comportamento. Em particular, há uma confusão sobre o que são e o que fazem neurotransmissores.

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-“Chemicals”? É mais complicado que isso… -
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Então gostaria de apresentar uma ontologia que me parece um tanto mais explicativa. Isso é uma conversa de muitas horas, então vou necessariamente precisar deixar pontos de fora e passar rápido por assuntos importantes. Pretendo apresentar um esqueleto mínimo de como fazer sentido desses problemas. A fonte intelectual de onde bebo inclui Marvin Minsky, Douglas Hofstadter, os rapazes do Qualia Research Institute - em particular, o Principia Qualia.

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Tirando a Alma da Sala

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Ser é um Mistério. Onde quer que se olhe, existem tradições intelectuais e religiosas oferecendo explicações para Isso Tudo Aí. Afinal, do que se trata estar no mundo, ser consciente de que está no mundo? As facetas mais ordinárias da experiência são são surreais, se você olhar com cuidado. De vez em quando me pego pensando no quão absurdo é que eu penso em fazer um movimento e meus músculos… se mexem.

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Uma resposta bem comum no Ocidente para isso é que temos uma Alma. Uma espécie de jóia imaterial, que independe do corpo em algum nível e persiste após nossa morte biológica. Essa alma é imensurável, “etérea” e não está sujeita à Física como a experenciamos. Dá para chamar essa ideia, vagamente, de Dualismo. Eu não pretendo derruba-lo aqui, mas é de bom tom tangibilizar minha ignorância, meus pontos de partida. A seguir estão alguns pontos de partida:

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  • Fisicalismo. Não faz sentido se referir a algo “não-físico”, como uma alma. Tudo que existe são fenômenos físicos, como energia, matéria e informação. As Leis da Física - seja lá quais forem - são causalmente completas. O universo é uma sopa de fisicalidade e nele estamos.

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  • Formalismo de Qualia. Nossa experiência é real e tem uma estrutura, encodada nos vários mecanismos de armazenamento e transmissão de informação que nossos corpos usam - como correntes elétricas, neurotransmissores, hormônios, etc. Mais ainda, essa estrutura necessariamente tem uma representação matemática. Suponha por absurdo que não, que existe alguma faceta da nossa experiência que não pode ser representada em uma estrutura matemática. Supondo Fisicalismo, isso implica dizer que existe algum estado físico dos nossos corpos que não pode ser representado, que existe alguma configuração, de algum tecido, que não pode ser descrita - isso é… um absurdo. Não supor fisicalismo é um um apelo ao mistério.

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Nossas mentes são fenômenos absolutamente físicos (como Tudo), concretos e ligados ao funcionamento dos nossos corpos. Ao crescer acumulamos memórias, aprendizados, expandimos nosso repertório emocional - nossas almas são a colcha de retalhos do que vivemos. Isso tudo é absolutamente físico. Um filme triste te faz chorar, uma memória traumática te faz tensionar seus músculos, estresse faz suas pálpebras tremerem.

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Jogando o Epifenomenalismo pela Janela

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Existe uma linha de argumentação que tenta trivializar o mistério. E se nossa impressão de experiência, agência, for apenas uma racionalização ad hoc dos eventos que observamos? A navalha de Occam nos leva a crer que na verdade nossa percepção do mundo é um epifenômeno, não? Essa é a explicação mais simples: não existem grandes perguntas não-respondidas sobre ser consciente, fato é que nada e ninguém é consciente, temos apenas a impressão de ser. Isso parece ceticismo bem fundamentado, mas é inconsistente.

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Uma vez, pedalando na praia, roubaram minha bicicleta com uma faca - Rio de Janeiro, not even once - e não precisei de condicionamento pavloviano para que o medo me tomasse por inteiro quando vi a lâmina sendo apontada para mim. Pare por um momento para considerar a sequência de estímulos, vamos pensar no caminho que o estímulo visual de ver uma faca faz.

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Luz refletida pelo ambiente chega nas minhas retinas, são emitidos sinais que viajam pelo nervo ótico até o cortex visual, onde é construída uma imagem da cena e segmentados alguns objetos. Pessoa, bicicleta, asfalto, árvores, uma faca. Minha cabeça faz uma artimética não muito complicada: essa pessoa com a faca quer minha bicicleta, a faca pode me machucar seriamente, essa pessoa pode me atacar com a faca para pegar a bicicleta… estou correndo risco de vida.

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Até esse momento o estímulo visual foi engatilhando estímulos cada vez mais de alto nível, até um ponto crítico, a percepção do perigo. A partir daí o caminho inverte e é desencadeado uma cascata de efeitos de baixo nível. É o famoso fight or flight: libere adrenalina, aumente a circulação de sangue em algumas partes do corpo, diminua em outros, etc.

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Nenhuma dessas mudanças físicas no meu corpo teria ocorrido sem antes o raciocínio de alto nível envolvido em compreender a situação. Minha compreensão do perigo não é um evento irrelevante que surgiu para justificar após o fato a minha reação e sim o gatilho da reação. Não entrei em fight or flight porque me condicionaram a entrar em pânico me mostrando facas e aplicando alguma forma de reforço negativo até que isso fosse condicionado em mim e muito menos porque humanos vêm de fábrica com a tendência a entrar em pânico ao ver facas. Se o conteúdo da nossa experiência não tivesse poder causal, nós sequer poderíamos falar dela em primeiro lugar. É precisamente porque essa “causalidade reversa” - em que um estímulo precisa antes ser processado no nível de “pensamento” para ser cascateado em reações mecânicas do corpo - existe que a Evolução pôde recrutar esses processos em primeiro lugar.

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Se você fosse um completo maluco e apontasse uma arma para um gato, ameaçando atirar caso não receba carinho, o gato apenas diria miau. Não porque gatos são incapazes de sentir perigo, mas sim incapazes de fazer o raciocínio de alto-nível necessário para compreender o que se passa.

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Computação, Visão & Outras Drogas

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Queria por agora um pouco mais de atenção em um pedaço da história do assalto que é um tanto quanto mágico. Eu vi a arma. A luz refletida pelo ambiente que chegou nos meus olhos gerou atividade em alguns tecidos - como a retina - que engatilham sinais enviados através do nervo ótico até o cortex visual e aí…? A magia acontece, como diria Daniel Dennett.

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O processo de recompor uma imagem é eminentemente computacional! Existe, presume-se, alguma forma de representação da informação que chega no córtex visual, e um ou mais algoritmos responsáveis por mapear essa massa de sinais em uma imagem coerente que pode ser usada por outros sistemas do cérebro - por exemplo, as partes responsáveis por falar “ARMA, PERIGO!”. Somos computadores molhados, wetware.

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-Descartes também achava Visão uma doidera -
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Computação

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Veja, a imagem final composta a partir dos sinais elétricos que chegam no cortex visual é utilizada por outros subsistemas dentro do cérebro, então necessariamente existe alguma convenção de como representar esse tipo de informação. Mais ainda, para que o caminho compor imagem -> reconhecer arma -> sentir pânico funcionar, espera-se que os outros elos dessa cadeia também tenham aspectos computacionais.

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Considere o processo de ir até a esquina. É preciso conciliar informação multimodal para produzir um plano de ação e persegui-lo até a sua conclusão. A informação visual informa a posição no espaço, o caminhar depende de propriocepção e planejamento motor, e presumivelmente não se vai até a esquina por nada - existe o planejamento de alto-nível decorrente do desejo de comer o pãozinho francês da padaria na esquina.

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-Fonte: Steven Lehar, Cartoon Epistemology (2003) -
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Nossas mentes só podem operar e

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Outras Drogas

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Níveis de Marr

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Note que no nível mais elementar o seu funcionamento depende de reações químicas e no nível mais abstrato, de processos computacionais. É preciso, simultaneamente, explicar quais são as funções seu corpo realiza, como elas viabilizam as capacidades de alto-nível que usamos a todo momento e também como isso é representado, computado e implementado no substrato biológico.

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Marr and Poggio (1979) oferece uma maneira de quebrar nossas perguntas (e respostas) em caixinhas com isolamento de responsabilidades. Nesse framework, qualquer sistema de processamento de informação pode ser, a princípio, entendido em 3 níveis:

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  • Funcional/Computacional: Quais são as tarefas que esse sistema realiza? Que tipo de comportamento é implementado, quais são seus modos de falha, quais são as origens evolutivas?

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  • Algoritmico/Representacional: De que maneira essas funções são representadas, quais são os algoritmos usamos para que elas sejam computadas?

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  • Implementação: Quais mecanismos físicos são recrutados para persistir a representação e executar os algoritmos em questão?

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Para tangibilizar isso um pouco, vamos imaginar um Large Language Model (LLM) treinado em um grande corpus de texto. Ela tem habilidades verbais de um jovem razoavelmente lido, um humor seco, referências literárias e passa em alguma versão fraca do teste de Turing (não que isso seja grandes coisas). Em um nível funcional, não existe uma maneira simples de distinguir o que essa rede neural faz do que um humano faz. Descendo um andar, aparecem as distinções.

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As representações e algoritmos de uma rede neural são radicalmenete diferentes das representações e algoritmos que sistemas nervosos usam para funcionar. Isso não demanda mais explicações a menos é claro que você, leitor, tenha uma certa fé na analogia neurônio - Rede Neural. Se tiver, tudo bem, a ciência pop fez inúmeras vítimas.

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Onde Habita a Ansiedade?

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Anilhamento

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Disfunção, Autoreconhecimento, Modulação de Comportamento

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Referências

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-Marr, David, and Tomaso Poggio. 1979. “A Computational Theory of Human Stereo Vision.” Proceedings of the Royal Society of London. Series B. Biological Sciences 204 (1156): 301–28. -
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From 0d901f7848b69721ae11435574080fa1ae0b2478 Mon Sep 17 00:00:00 2001 From: Pedro Cavalcante Oliveira Date: Sun, 30 Jul 2023 22:40:53 -0300 Subject: [PATCH 07/13] mais --- .Rproj.user/shared/notebooks/paths | 1 - .../post.Rmd | 12 ++++++------ 2 files changed, 6 insertions(+), 7 deletions(-) diff --git a/.Rproj.user/shared/notebooks/paths b/.Rproj.user/shared/notebooks/paths index 2f8b9c1e..32b9a1f4 100644 --- a/.Rproj.user/shared/notebooks/paths +++ b/.Rproj.user/shared/notebooks/paths @@ -3,7 +3,6 @@ C:/Users/pedro/azul/content/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeosta C:/Users/pedro/azul/content/post/first-class-deliverables/post.Rmd="52A11494" C:/Users/pedro/azul/public/about.Rmd="8941B237" C:/Users/pedro/azul/public/post/2021-06-23-Categorias-espaco-institucional/post.Rmd="1B4A054A" -C:/Users/pedro/azul/public/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post.Rmd="16395101" C:/Users/pedro/azul/public/post/DualidadeEmMicroeconomia/micro1.Rmd="8D149A9D" C:/Users/pedro/azul/public/post/VerificacaoComputacionalPerronFrobenius/bib.bib="839A6BB7" C:/Users/pedro/azul/public/post/VerificacaoComputacionalPerronFrobenius/parte1.Rmd="DE371BCD" diff --git a/content/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post.Rmd b/content/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post.Rmd index baa75255..a7c7acdb 100644 --- a/content/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post.Rmd +++ b/content/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post.Rmd @@ -133,16 +133,15 @@ As origens evolutivas dessas capacidades computacionais da vida são um problema Essa amigável massaroca semi-transparente em formato de lágrima é da espécie _Lacrymaria Olor_. É um [protista ciliado](https://en.wikipedia.org/wiki/Ciliate) que caça extendendo um membro a distâncias de cerca de 5-6 vezes o seu próprio tamanho. Esse "bichinho" não tem um cérebro, mas dá conta de todas as suas necessidades metabólicas caçando. Mais ainda, estamos falando de um ser vivo unicelular. Mesmo nessa configuração extremamente simples existe fino controle motor, alguma capacidade de planejamento, de representação do estado do ambiente com algum grau de precisão (e.g. localização de comida relativa à posição atual). -Nas menores escalas da vida existe computação acontecendo para viabilizar _tudo_. O comportamento de uma Lacrymaria não é aleatório, ele persegue objetivos sob restrições energéticas. Esse é o espaço de pesquisa do professor da Universidade Tutfs, [Michael Levin](https://www.youtube.com/watch?v=ZmRaIQOlxTY). Isso é um assunto enorme em si, mas em resumo: +Nas menores escalas da vida existe computação acontecendo para viabilizar _tudo_. O comportamento de uma Lacrymaria não é aleatório, ele persegue objetivos sob restrições energéticas. Note que esta humilde célula tem poder computacional para encontrar o comportamento apropriado em todas as modalidades necessárias à sua sobrevivência: anatômicas, metabólicas, fisiológicas, comportamentais, etc. -* Parte do trabalho envolvido em evoluir o design básico da primeira célula foi antes desenhar o maquinário molecular que permite a implementação de controle de comportamento. -* A evolução de multicelularidade exigiu também o desenvolvimento de representações de estado em tecidos e não apenas celulas individuais. -* A manutenção dos nossos corpos envolve a solução de problemas em modalidades e escalas totalmente diferentes. Muito antes de desenhar subsistemas especialistas no cérebro a Evolução fez isso para resolver questões básicas de metabolismo, homestosase térmica, anatômica... Tecidos têm eles próprios métodos de computação extracelulares. -* Nossos cérebros não realizam nada de fundamentalmente diferente do que a nossa amiga Lacrymaria faz para funcionar. A capacidade de transmitir e encodar informação com diferenciais de voltagem é usada por ciliados unicelulares e cérebros de mamíferos para solucionar os problemas computacionais inerentes a navegar em um ambiente. +O desenvolvimento da multicelularidade não jogou estas capacidades individuais no lixo, há um ganho de escala. Nossos cérebros não realizam nada de fundamentalmente diferente do que a nossa amiga Lacrymaria faz para funcionar. A capacidade de transmitir e encodar informação com diferenciais de voltagem é usada por ciliados unicelulares e cérebros de mamíferos para solucionar os problemas computacionais inerentes a navegar em um ambiente. + +Lacrymarias param de projetar seus membros ao alcançar comida, várias espécies regeneram membros inteiros em caso de amputação, nossos músculos hipertrofriam, nós sabemos quando resolvemos um problema de cálculo. Coletivos de células são capazes de perseguir objetos maiores, muito maiores, do que cada participante, em espaços de problemas completamente distintos. Nossa capacidade de navegar problemas sociais, linguísticos e econômicos está apoiada nos ombros de capacidades muito mais antigas e básicas, de navegar problemas comportamentais, anatômicos, fisiológicos, etc... # Níveis de Marr -Note que no nível mais elementar o seu funcionamento depende de física quântica (como você acha que se formam moléculas?) e no nível mais abstrato, de processos computacionais. Uma Teoria de Consciência precisa, simultaneamente, explicar quais são as funções seu corpo realiza, como elas viabilizam as capacidades de alto-nível que usamos a todo momento e também como isso é representado, computado e implementado no substrato biológico. +Note que no nível mais elementar o seu funcionamento depende de física quântica (como você acha que se formam moléculas?) e no nível mais alto, de processos computacionais. Uma Teoria de Consciência precisa, simultaneamente, explicar quais são as funções seu corpo realiza, como elas viabilizam as capacidades de alto-nível que usamos a todo momento e também como isso é representado, computado e implementado no substrato biológico. @marr1979computational oferece uma maneira de quebrar nossas perguntas (e respostas) em caixinhas com algum isolamento de responsabilidades. Nesse framework, qualquer sistema de processamento de informação pode ser, a princípio, entendido em 3 níveis: @@ -172,6 +171,7 @@ A Evolução não tem tempo nem um escopo suficientemente pequeno de problemas p + # Onde Habita a Ansiedade? # O que eu acabei de ler? # Referências From ff0420e4b22057be320b3f406574fce423ca9d1f Mon Sep 17 00:00:00 2001 From: Pedro Cavalcante Oliveira Date: Mon, 30 Oct 2023 01:15:33 -0300 Subject: [PATCH 08/13] Update content/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post.Rmd --- .../26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post.Rmd | 2 +- 1 file changed, 1 insertion(+), 1 deletion(-) diff --git a/content/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post.Rmd b/content/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post.Rmd index a7c7acdb..ff9f26d6 100644 --- a/content/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post.Rmd +++ b/content/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post.Rmd @@ -131,7 +131,7 @@ As origens evolutivas dessas capacidades computacionais da vida são um problema ![](https://64.media.tumblr.com/1b65c7a270ad1aa12f328598d54adc52/578a8a50523eba99-d8/s500x750/0a59e64b2d72f7cf0c47245583337859e0684b35.gifv) -Essa amigável massaroca semi-transparente em formato de lágrima é da espécie _Lacrymaria Olor_. É um [protista ciliado](https://en.wikipedia.org/wiki/Ciliate) que caça extendendo um membro a distâncias de cerca de 5-6 vezes o seu próprio tamanho. Esse "bichinho" não tem um cérebro, mas dá conta de todas as suas necessidades metabólicas caçando. Mais ainda, estamos falando de um ser vivo unicelular. Mesmo nessa configuração extremamente simples existe fino controle motor, alguma capacidade de planejamento, de representação do estado do ambiente com algum grau de precisão (e.g. localização de comida relativa à posição atual). +Essa amigável massaroca semi-transparente em formato de lágrima é da espécie _Lacrymaria Olor_. É um [protista ciliado](https://en.wikipedia.org/wiki/Ciliate) que caça extendendo um membro a distâncias de cerca de 5-6 vezes o seu próprio tamanho. Esse ser vivo não tem um cérebro verdadeiro, muito menos um sistema nervoso, mas dá conta de todas as suas necessidades - incluindo caça. Mais ainda, estamos falando de um ser vivo unicelular. Mesmo nessa configuração extremamente simples existe fino controle motor, alguma capacidade de planejamento, de representação do estado do ambiente com algum grau de precisão (e.g. localização de comida relativa à posição atual). Nas menores escalas da vida existe computação acontecendo para viabilizar _tudo_. O comportamento de uma Lacrymaria não é aleatório, ele persegue objetivos sob restrições energéticas. Note que esta humilde célula tem poder computacional para encontrar o comportamento apropriado em todas as modalidades necessárias à sua sobrevivência: anatômicas, metabólicas, fisiológicas, comportamentais, etc. From 8653f4da77a88dac7cdfc79272d8443547b4fced Mon Sep 17 00:00:00 2001 From: Pedro Cavalcante Oliveira Date: Mon, 30 Oct 2023 01:17:00 -0300 Subject: [PATCH 09/13] Update content/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post.Rmd --- .../26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post.Rmd | 2 +- 1 file changed, 1 insertion(+), 1 deletion(-) diff --git a/content/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post.Rmd b/content/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post.Rmd index ff9f26d6..e8cb78aa 100644 --- a/content/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post.Rmd +++ b/content/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post.Rmd @@ -137,7 +137,7 @@ Nas menores escalas da vida existe computação acontecendo para viabilizar _tud O desenvolvimento da multicelularidade não jogou estas capacidades individuais no lixo, há um ganho de escala. Nossos cérebros não realizam nada de fundamentalmente diferente do que a nossa amiga Lacrymaria faz para funcionar. A capacidade de transmitir e encodar informação com diferenciais de voltagem é usada por ciliados unicelulares e cérebros de mamíferos para solucionar os problemas computacionais inerentes a navegar em um ambiente. -Lacrymarias param de projetar seus membros ao alcançar comida, várias espécies regeneram membros inteiros em caso de amputação, nossos músculos hipertrofriam, nós sabemos quando resolvemos um problema de cálculo. Coletivos de células são capazes de perseguir objetos maiores, muito maiores, do que cada participante, em espaços de problemas completamente distintos. Nossa capacidade de navegar problemas sociais, linguísticos e econômicos está apoiada nos ombros de capacidades muito mais antigas e básicas, de navegar problemas comportamentais, anatômicos, fisiológicos, etc... +Lacrymarias param de projetar seus membros ao alcançar comida, várias espécies regeneram membros inteiros em caso de amputação, nossos músculos hipertrofriam, nós sabemos quando resolvemos um problema de cálculo. Coletivos de células são capazes de perseguir objetos maiores, muito maiores, do que cada participante, em espaços de problemas completamente distintos. Nossa capacidade de navegar problemas sociais, linguísticos e econômicos está apoiada nos ombros de capacidades muito mais antigas e básicas, de navegar problemas comportamentais, anatômicos, fisiológicos, moleculares, etc... # Níveis de Marr From d61120cc9a1e1527b1850c34fd063f3e2f13097b Mon Sep 17 00:00:00 2001 From: Pedro Cavalcante Oliveira Date: Mon, 30 Oct 2023 01:21:34 -0300 Subject: [PATCH 10/13] Update content/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post.Rmd --- .../post.Rmd | 4 +--- 1 file changed, 1 insertion(+), 3 deletions(-) diff --git a/content/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post.Rmd b/content/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post.Rmd index e8cb78aa..d79910de 100644 --- a/content/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post.Rmd +++ b/content/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post.Rmd @@ -141,9 +141,7 @@ Lacrymarias param de projetar seus membros ao alcançar comida, várias espécie # Níveis de Marr -Note que no nível mais elementar o seu funcionamento depende de física quântica (como você acha que se formam moléculas?) e no nível mais alto, de processos computacionais. Uma Teoria de Consciência precisa, simultaneamente, explicar quais são as funções seu corpo realiza, como elas viabilizam as capacidades de alto-nível que usamos a todo momento e também como isso é representado, computado e implementado no substrato biológico. - -@marr1979computational oferece uma maneira de quebrar nossas perguntas (e respostas) em caixinhas com algum isolamento de responsabilidades. Nesse framework, qualquer sistema de processamento de informação pode ser, a princípio, entendido em 3 níveis: +Note que estamos rapidamente transitando entre escalas diferente, quase que por obrigação. Em um momento falamos de algo visível a olho nu, depois em células únicas, por vezes de sistemas inteiros, por vezes de propriedades matemáticas de certos algoritmos. Essa é uma fonte de problemas, é muito fácil começar uma frase em um contexto e terminar em outro, se confundindo no caminho. Uma Teoria de Consciência precisa, simultaneamente, explicar fenômenos em escalas espaciais, temporais e computacionais totalmente distintas e precisamos de algum _framework_ para evitar confusões básicas. @marr1979computational oferece uma maneira de quebrar nossas perguntas (e respostas) em escopos distintos que conversam naturalmente com nossos métodos. Nesse framework, qualquer sistema com aparente processamento de informação pode ser entendido em 3 níveis: * Funcional/Computacional: Quais são as tarefas que esse sistema realiza? Que tipo de comportamento é implementado, quais são seus modos de falha, quais são as origens evolutivas? From 4f1323f5389090cac613b7307dbb4e023df82837 Mon Sep 17 00:00:00 2001 From: Pedro Cavalcante Oliveira Date: Mon, 30 Oct 2023 01:22:52 -0300 Subject: [PATCH 11/13] Update content/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post.Rmd --- .../26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post.Rmd | 2 +- 1 file changed, 1 insertion(+), 1 deletion(-) diff --git a/content/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post.Rmd b/content/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post.Rmd index d79910de..9127dabe 100644 --- a/content/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post.Rmd +++ b/content/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post.Rmd @@ -145,7 +145,7 @@ Note que estamos rapidamente transitando entre escalas diferente, quase que por * Funcional/Computacional: Quais são as tarefas que esse sistema realiza? Que tipo de comportamento é implementado, quais são seus modos de falha, quais são as origens evolutivas? -* Algoritmico/Representacional: De que maneira essas funções são representadas e implementadas, quais são os algoritmos usamos para que elas sejam computadas? +* Algoritmico/Representacional: De que maneira essas funções são representadas e implementadas, quais são os algoritmos usados na sua computação? * Implementação: Quais mecanismos físicos são recrutados para persistir a representação e executar os algoritmos em questão? From 213b416898bb02109ae309b7701fee49ca7da206 Mon Sep 17 00:00:00 2001 From: Pedro Cavalcante Oliveira Date: Mon, 30 Oct 2023 01:25:04 -0300 Subject: [PATCH 12/13] Update content/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post.Rmd --- .../26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post.Rmd | 2 +- 1 file changed, 1 insertion(+), 1 deletion(-) diff --git a/content/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post.Rmd b/content/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post.Rmd index 9127dabe..bd98b66b 100644 --- a/content/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post.Rmd +++ b/content/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post.Rmd @@ -151,7 +151,7 @@ Note que estamos rapidamente transitando entre escalas diferente, quase que por Para tangibilizar isso um pouco, vamos imaginar um Large Language Model (LLM) treinado em um grande corpus de texto. Ela tem habilidades verbais de um jovem razoavelmente lido, um humor seco, referências literárias e passa em alguma versão fraca do teste de Turing (não que isso seja grandes coisas). Em um nível _funcional_, não existe uma maneira simples de distinguir o que essa rede neural faz do que um humano faz. Descendo um andar, aparecem as distinções. -As representações e algoritmos de uma rede neural são radicalmenete diferentes das representações e algoritmos que sistemas nervosos usam para funcionar. Isso não demanda mais explicações a menos é claro que você, leitor, tenha uma certa fé na analogia Cérebro - Rede Neural. +As representações e algoritmos de uma rede neural são radicalmenete diferentes das representações e algoritmos que sistemas nervosos usam para funcionar. Isso não demanda mais explicações a menos é claro que você, leitor, tenha uma certa fé na analogia Cérebro - Rede Neural. As distinções de implementação mais ainda, rodamos redes neurais em circuitos digitais, nossos cérebros se aproveitam de várias propriedades do campo eletromagnético par encodar informação na topologia de rede do sistema nervoso. # Anilhamento, Entropia, Criticalidade, Organização From 334b78c0b58d19f1c7b01da5730d3c752555d4e5 Mon Sep 17 00:00:00 2001 From: Pedro Cavalcante Oliveira Date: Mon, 30 Oct 2023 02:14:43 -0300 Subject: [PATCH 13/13] Update content/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post.Rmd --- .../post.Rmd | 11 +++++++++++ 1 file changed, 11 insertions(+) diff --git a/content/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post.Rmd b/content/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post.Rmd index bd98b66b..087c08de 100644 --- a/content/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post.Rmd +++ b/content/post/26-09-2022-o-cerebro-os-millenials-e-a-homeostase/post.Rmd @@ -155,6 +155,17 @@ As representações e algoritmos de uma rede neural são radicalmenete diferente # Anilhamento, Entropia, Criticalidade, Organização +*Pausa dramática*. Eu sou um músico amador. _Como músico amador_, é difícil articular que diferença faz aprender a tocar "piano instrumental". E por isso quero dizer o tipo de coisa que cobrariam em vestibular de física na UERJ, se estudar música fosse obrigatório no ensino médio. O mínimo que um físico precisa saber de música. Algo análogo a teoria de conjuntos, geometria euclidiana e probabilidade de ensino médio. A escala maior e os arpeggios dos acordes diatônicos da escala maior. Nada demais, tenho certeza que os músicos lendo isso concordam. + +E é inacreditável o quanto dá para "enganar" apenas sabendo a escala maior em alguns tons diferentes e os arpeggios dos acordes diatônicos. Um mundo de possibilidades e sons se abre, o inefável da música se torne legível. Acho que isso acontece porque (i) são dados nomes à fenômenos complicados e (ii) o piano é o resultado de quase um milênio de P&D em instrumentos musicais para o *estudo* da música. Quem toca guitarra, baixo, saxofone, bateria, etc, faz porque ama o timbre. A maioria das pessoas que tocam piano fazem não pelo piano em si, mas pelo seu design. Apenas baseado na interface do piano, você deve achar que Dó Bemol e Si são a mesma nota. Essa é uma simplificação útil. + +Bem, até agora eu me ative a o que julgo serem _fatos incontroversos_ da ciência aplicada, e um pouco de bom gosto (que se aplicado com rigor o suficiente dá para chamar de filosofia). Apenas fiz uma colagem deles. Agora vou dar um passo além e argumentar algo mais forte. Me chame de louco, mas a Evolução não teria chegado em desenhos não-triviais e interessantes se ela precisa, em paralelo, resolver problemas em escalas diferentes. Me parece que a evolução, muito antes de Turing, descobriu que com algum truques matemáticos como descida de gradiente, tabelas-verdade, branching condicional, era possível representar o processo de _navegar espaços de problemas_. Uma previsão que vem daqui então é que: cérebros e sistemas nervosos provavelmente dependem de alguns poucos princípios de auto-organização, que são aplicados universalmente em problemas diferentes. + + + + + + Aqui vale finalmente dar algum enunciado do [Free-Energy Principle](https://en.wikipedia.org/wiki/Free_energy_principle). Um sistema dinâmico que persiste em alguma escala não-trivial de tempo precisa de: * Uma representação do estado do mundo/ambiente